segunda-feira, 28 de abril de 2014

BÍBLIA PEREGRINA EM 2014

 A história da Bíblia peregrina começou no ano passado, no Ano da Fé. Uma ideia bem recebida para lembrar que Palavra de Deus é que alimenta a nossa vida na Fé.
Mas, o tempo foi curto e nem todas as paróquias receberam a BÍBLIA PEREGRINA.
A exemplo de iniciativas que já ocorreram no ano passado em alguns lugares da diocese, ampliamos a quantidade de Bíblias: no lugar de apenas sete Bíblias, distribuímos onze Bíblias, isto é UMA POR CIDADE, para procurarmos atender não apenas todas as paróquias, mas se possível todas as comunidades. Além disso, as Bíblias foram entregues na reunião diocesana do mês de março, dando muito mais tempo de cumprirem o seu roteiro. Na reunião anterior, tínhamos partilhado algumas experiências da passagem da Bíblia peregrina em algumas paróquias, para que todos os presentes compreendessem a INTENÇÃO MISSIONÁRIA DESTA BÍBLIA, que neste ano ficou mais caracterizada: ganhou uma folha (que fica na contra-capa), para registrar a sua caminhada, bem como uma sacola que revela a sua função.

No ano passado, a sugestão foi buscarmos a Bíblia na outra paróquia, durante uma missa, que é momento privilegiado para ouvir a Palavra de Deus. No final da missa, a Bíblia era enviada para a Paróquia seguinte.
Para este ano, aqui em Ferraz, estamos recebendo a BÍBLIA na missa (ou celebração da Palavra), fazendo um momento especial para a Entrada da Bíblia, que pode ser pelas mãos do catequista da outra paróquia. Isto é, a ideia é levarmos a Bíblia para a Paróquia seguinte. Das duas maneiras fica bom. Por isso resolvam com o padre (ou o ministro que presidir a celebração) como é melhor, na realidade em que se encontram, e procurem combinar com a devida antecedência.

O material escrito para orientar o acolhimento desta BÍBLIA na sua Paróquia foi publicado em http://abcdiocesedemogi.blogspot.com.br/2013/08/envio-da-biblia-peregrina-as-regioes.html


quinta-feira, 24 de abril de 2014

LITURGIA - Aula 3: CONCEITO DE ASSEMBLEIA LITURGICA

(Anotações da aula de 23/04/2014, ministrada pelo diácono Arthur)


3.1 FENÔMENO HUMANO DA ASSEMBLEIA
  • Confluência de pessoas;
  • Fenômeno de comunicação;
  • Funções e formas regulamentadas;
  • Ritualização dos gestos: repetibilidade, participação;
  • Estabelecimento de metas;
  • Acontecimento da comunidade.
  • Liturgia termo apropriado no séc XVI
  • + Antigo: Assembleia (Synaxis
  • Igreja (Ecclesia) = coletividade dos cristãos dispersos + reunião periódica ao redor da Palavra de Deus e da Eucaristia.
  • Liturgia católica: reclama assembleia

3.2 POVO SACERDOTAL 
  • Qachal Yahweh: Assembleia do Senhor.
  • “Vós sois uma raça eleita, um povo sacerdotal...” (1ª Pedro 2,9)
  • Corpo de Cristo 

3.2.1 QACHAL YAHWEH 
  • Deus está presente (Ex 19,17s)
  • Faz ouvir sua Palavra (Dt 4,12 ss)
  • Convocação feita em nome do Senhor:
  • Dedicação do Templo
  • Josias
  • Neemias
Festas judaicas: memória das grandes assembleias históricas
  • Pessach (Páscoa)
  • Sucot (Tendas)
  • Shavuot (Semanas)
  • Pentecostes: nova assembleia

3.2.2 “VÓS SOIS UMA RAÇA ELEITA, UM POVO SACERDOTAL...” (1ª Pedro 2,9)
  • Celebrar em nome do Cristo
  • Façam isso em minha memória (1ª Corintios 11,24)
  • Presença de Cristo Ressuscitado e sua ação salvadora (Mateus 18,20; 28,20)
  • Novo Povo de Deus reúne os filhos de Deus dispersos por toda terra
  • Convocação feita pelos arautos de Cristo


3.2.3 CORPO DE CRISTO 
  • Epifania da Igreja
  • Não diminuir o Corpo de Cristo (S. João Crisóstomo)
  • Unanimidade = uma só fé, um só batismo, uma única assembleia
  • Deus convoca seu povo
  • Mistério pascal
  • Sacerdócio Ministerial
  • Imagem da liturgia celeste
3.3 POVO DE DEUS, HIERARQUICAMENTE ORDENADO 
  • Não há judeu ou grego; nem escravo ou livre; nem homem ou mulher (Gálatas 3,28). 
  • Sem quaisquer distinções, exceto a que quis Cristo
  • Ministérios ordenados
  • Ministros e ministrantes (ministros extraordinários)
  • Participação ativa e inteligente
  • Nada de expectadores mudos (Pio XI)
  • Sem semelhança com cultos pagãos 
  • Edifícios, 
  • Diálogo, 
  • Ação de graças comum.

Presidente/Celebrante
  • Presidente (chefe da oração)
  • Celebrante (sacerdote que oferece o sacrifício e apresenta os dons ao povo de Deus)
  • Em virtude da ordenação e da comunhão eclesiástica – não é delegado pela comunidade

Ministérios
  • A serviço da Palavra de Deus
  • A serviço do Presidente
  • A serviço do povo

Vestes litúrgicas
  • Veste litúrgica e hábito eclesiástico
  • Apagar a individualidade, demonstrar a função e dignidade dos ministros da Igreja
  • Túnica Branca: memória da liturgia celeste, rompimento com as tarefas utilitárias.

BIBLIOGRAFIA 
MARTIMORT. A Igreja em Oração: Introdução à Liturgia. Barcelos: Minho, 1965.
GERHARDS; KRANEMANN. Introdução à Liturgia. São Paulo: Loyola, 2013. 
Bíblia de Jerusalém
(Atualizado em 05/05/2014)

Anexo 1: Liturgia das horas
http://www.liturgiadashoras.org/pascoa/horas/1quartapascoa_vesperas.htm

Anexo 2: Textos para aprofundamento


Pio XII, Mediator Dei
A Igreja, portanto, tem em comum com o Verbo encarnado o escopo, o empenho e a função de ensinar a todos a verdade, reger e governar os homens, oferecer a Deus o sacrifício, aceitável e grato, e assim restabelecer entre o Criador e as criaturas aquela união e harmonia que o apóstolo das gentes claramente indica por estas palavras: "Não sois mais hóspedes ou adventícios, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, educados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, com o próprio Jesus Cristo por pedra angular, sobre a qual todo o edifício bem ordenado se levanta para ser um templo santo no Senhor, e sobre ele vós sois também juntamente edificados em morada de Deus, pelo Espírito".(21) Por isso, a sociedade fundada pelo divino Redentor não tem outro fim, seja com a sua doutrina e o seu governo, seja com o sacrifício e os sacramentos por ele instituídos, seja enfim com o ministério que lhe contou, com as suas orações e o seu sangue, senão crescer e dilatar-se sempre mais – o que se dá quando Cristo é edificado e dilatado nas almas dos mortais, e quando, vice-versa, as almas dos mortais são educadas e dilatadas em Cristo.

Sacrossanctum concilium
26. As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é «sacramento de unidade», isto é, Povo santo reunido e ordenado sob a direção dos Bispos.
Por isso, tais ações pertencem a todo o Corpo da Igreja, manifestam-no, atingindo, porém, cada um dos membros de modo diverso, segundo a variedade de estados, funções e participação atual.
27. Sempre que os ritos comportam, segundo a natureza particular de cada um, uma celebração comunitária, caracterizada pela presença e ativa participação dos fiéis, inculque-se que esta deve preferir-se, na medida do possível, à celebração individual e como que privada.
Isto é válido, sobretudo para a celebração da Missa e para a administração dos sacramentos, ressalvando-se sempre a natureza pública e social de toda a Missa.
28. Nas celebrações litúrgicas, limite-se cada um, ministro ou simples fiel, exercendo o seu ofício, a fazer tudo e só o que é de sua competência, segundo a natureza do rito e as leis litúrgicas.

sábado, 19 de abril de 2014

PÁSCOA DO SENHOR

Deixemos a liturgia deste tempo litúrgico falar por si mesma...

Na Quinta-feira Santa, iniciamos o tríduo, três dias que formam a celebração solene da Páscoa do Senhor. A Missa da Santa Ceia do Senhor nos traz a memória da Páscoa Judaica (Êxodo 12,1-8. 11-14), a graça da comunhão com Cristo (Salmo 115, “O cálice por nós abençoado é a nossa comunhão com o sangue de Jesus”), a instituição da Eucaristia (1ª Coríntios 11,23-26) e o lava-pés (João 13,1-15). O rito do lava-pés nos recorda que o amor de Deus é muito maior do que nossa limitada compreensão humana, e que a sua grandeza está na fraternidade,  na caridade, que se transformam em oração ao Pai.

“Ó Pai, estamos reunidos para a Santa Ceia, na qual seu Filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja, um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.” (Oração do dia, na Quinta-feira Santa)

A Sexta-feira Santa é dia de jejum e abstinência, em honra do Senhor. Preparamos todo o nosso ser (corpo e espírito) para celebrar dignamente o mistério pascal, reafirmando o nosso compromisso com o reino de Deus. O servo sofredor (Isaías 52,13-53,12 e Salmo 30, “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!”) é o Filho obediente à vontade do Pai (Hebreus 4,14-26; 5,7-9 e João 18,1-19-42). Por isso, fazemos também a Oração Universal (na qual rezamos por todos) e o rito de Adoração da cruz (“Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”).


“Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo. Por Cristo, nosso Senhor.” (Oração do dia, na Sexta-feira Santa)


O Sábado Santo é o dia da Vigília Pascal. Em comunhão com toda a Criação, celebramos a Ressurreição de Jesus! 
Começamos fora da Igreja, com a Bênção do fogo (e preparação do círio pascal), a Procissão do Círio Pascal para dentro da Igreja e a proclamação da Páscoa (canto “Exulte”), que formam a CELEBRAÇÃO DA LUZ. 
A LITURGIA DA PALAVRA é composta por sete Leituras do Antigo Testamento acompanhadas por sete Salmos (Gênesis 1,1. 26-31 e Salmo 103; Gênesis 22,1-18 e Salmo 15; Êxodo 14,15-15,1 e Êxodo 15; Isaías 54,5-14 e Salmo 29; Isaías 55,1-11 e Isaías 12; Baruc 3,9-15.32-4,4 e Salmo 18B; Ez 36,16-28 e Salmo 41) e sete Orações; em seguida, o Glória solene (hino de louvor) e a Oração do Dia; então, a Epístola (Romanos 6,3-11), a Aclamação ao Evangelho (com o Salmo 117) e o Evangelho (Mateus 28,1-10). 
Na sequência, temos a LITURGIA BATISMAL, com a Ladainha de todos os santos, a Bênção da água batismal (com o mergulho do Círio Pascal), a Renovação das promessas do Batismo e os Batismos. 
E, finalmente, a LITURGIA EUCARÍSTICA (como de costume).


“Ó Deus, derramai em nós o vosso espírito de caridade, para que, saciados pelos sacramentos pascais, permaneçamos unidos no vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor.”(Oração depois da comunhão, na Vigília Pascal)



A TODOS UMA FELIZ E SANTA PÁSCOA!

quarta-feira, 16 de abril de 2014

TRÍDUO PASCAL

A LITURGIA do Tempo Quaresmal nos prepara para a Páscoa. Com o Domingo de Ramos, iniciamos a Semana Santa e amanhã começaremos o Tríduo Pascal.
Na Quinta-feira Santa celebramos solenemente a Santa Ceia do Senhor, festejamos o amor de Deus que se entrega completamente para a nossa salvação. 
Cristo nos ensina a dar um passo além da nossa compreensão limitada, revelando que o reino de Deus acontece quando nos colocamos disponíveis à fraternidade, ao serviço gratuito ao pobre e ao necessitado. 

"Se eu vosso Mestre e Senhor, vossos pés hoje lavei. Lavai os pés uns dos outros, este exemplo vos dei."


(Pela manhã, teremos a Missa dos Santos Óleos na catedral Sant'Ana, em Mogi das Cruzes. À noite, teremos a missa nas paróquias e em algumas comunidades.)

OBS: Hoje não haverá aula na escola diocesana, devido à Semana Santa.

LITURGIA - Aula 2: ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE CATEQUESE E LITURGIA

(Anotações da aula de 09/04/2014, ministrada pelo diácono Arthur)

2.1 HOMEM COMO SER RITUAL 
  • RITO: perceber a vida transfigurada e transcendente 
  • Representar o mito fundante na própria vida
  • Recapitular a história do povo
RITOS DE PASSAGEM 
  • Existência incompleta
  • Tornar-se pessoa
  • A transmissão pelo ritual
  • Ritos de passagem na sociedade secularizada
  • Esvaziamento do conteúdo transcendente
  • Rito experimentado como conclusão ou coroamento
  • Atrelados às opções pessoais

2.2 LITURGIA, FONTE DA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA 
  • Conteúdo primordial da catequese: Mistério pascal de Cristo
  • Depósito da fé, vivido e celebrado
  • Liturgia ação da Igreja 

2.2.1 CONTEÚDO PRIMORDIAL DA CATEQUESE: MISTÉRIO PASCAL DE CRISTO
  • MISTÉRIO, algo que está fechado e precisa ser aberto, como os olhos de quem dorme
  • MISTÉRIO PASCAL: At 2, 22-24
  • KERIGMA = Evangelização
  • CATEQUESE = aprofundar a relação com o Mistério anunciado;
  • LITURGIA = celebração do Mistério
  • Mudança de paradigma após o primeiro período da Igreja:
      Aprender celebrando (modelo oriental) / Aprender para celebrar (modelo ocidental)

2.2.2 DEPÓSITO DA FÉ VIVIDO E CELEBRADO
  • Guarda o Deposito da fé (1Tm 6,20)
  • Pio XI: “[a liturgia] é o órgão mais importante do magistério da Igreja”
OBRA COLETIVA: 
  • Fato comum dos tempos apostólicos
  • Formas e ritos das Igrejas particulares
  • Autoridade docente e magisterial
  • A celebração torna a doutrina vivificante
    (Ano Litúrgico, Diálogo com Deus, Comunhão eclesial = experiência do Reino de Deus)

2.2.3 LITURGIA, AÇÃO DA IGREJA 
  • CULTO DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO: estreita ligação entre Chefe e povo
  • CULTO DO POVO DE DEUS HIERARQUICAMENTE ORGANIZADO: memória dos Mistérios de Deus revelados em Cristo e chamar os homens à comunhão
  • CULTO DA ESPOSA DE CRISTO:
    Múnus maternal em relação a toda a Humanidade
    Inaugura comunhão e diálogo amor com Deus
    Gera filhos e os faz crescer 
  • IGREJA TOMA CONSCIÊNCIA DO QUE É
    Corpo social: dispensadora do mistério da salvação da humanidade.
    A Liturgia constitui a Igreja (Batismo) e exprime a Igreja (Eucaristia)

2.3 LITURGIA, CUME DA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA
  • Liturgia não esgota a ação pastoral da Igreja (SC 9)
  • Liturgia e missão
  • Santificação 

2.3.1 LITURGIA NÃO ESGOTA A AÇÃO PASTORAL DA IGREJA (SC 9)
  • Apostolado chamar os homens a Cristo para fruírem da Palavra e dos Mistérios de Cristo (SC 10)
  • Fé e conversão (SC 9);
  • Catequese, promover participação (SC14);

2.3.2 LITURGIA E MISSÃO 
  • Ações litúrgicas sempre válidas: Ex opere operato (sacramentos); Ex opere operantis Ecclesiae (demais ações litúrgicas)
  • Liturgia é ação gratuita (fugir da Magia e da emoção religiosa)
  • Pregação do Evangelho para que os homens renasçam pela Palavra de Deus e pelos sacramentos (AG 6)
  • Itinerário da Missão: Testemunho => Caridade => Anúncio de JC => Formação da Comunidade (sacramentos) => Formação de Igrejas Locais.
  • Experiência dos primeiros cristãos: “as conversões começavam com as questões postas pela pureza de vida e pela caridade dos cristãos, às quais respondia uma primeira evangelização e só após um longo período de catequese e de iniciação eram os catecúmenos introduzidos na celebração dos mistérios, na qual não participavam plenamente senão após o seu batismo.”

2.3.3 SANTIFICAÇÃO PELA LITURGIA
  • Processo iniciático
  • Catequese mistagógica
  • Participação ativa, plena e consciente 
  • Ação Apostólica
  • Comunhão fraterna e eclesial

BIBLIOGRAFIA
  • CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição apostólica Sacrossanctum Concilium & Decreto Ad Gentes. In: Documentos do Conc. Ecu.Vt. II.  São Paulo: Paulus, 2001.
  • BÍBLIA DE JERUSALÉM
  • MARTIMORT. A Igreja em Oração: Introdução à Liturgia. Barcelos: Minho, 1965.
  • GERHARDS; KRANEMANN. Introdução à Liturgia. São Paulo: Loyola, 2013.
ANEXO 1: Oração das vésperas

ANEXO 2: Texto para estudo

Segunda Catequese Mistagógica (De Baptismo) de São Cirilo de Jerusalém.

“Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua norte que fomos batizados? (...) Pois que não estais debaixo da Lei, mas sob a graça”. (Romanos 6,3.14)
(2) Logo que entrastes, despistes a túnica. E isto era imagem do despojamento do velho homem com suas obras. Despidos, estáveis nus, imitando também nisso a Cristo nu sobre a cruz. Por sua nudez despojou os principados e as potestades e no lenho triunfou corajosamente sobre eles. As forças inimigas habitavam em vossos membros. Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-la, mas possa dizer com a esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos: “Tirei minha túnica, como irei revesti-la?”(Cântico dos Cânticos 5,3). Ó maravilha, estáveis nus à vista de todos e não vos envergonhastes. Em verdade éreis imagem do primeiro homem Adão, que no paraíso andava nu e não se envergonhava.
(3) Depois de despidos, fostes ungidos com óleo exorcizado desde o alto da cabeça até os pés. Assim, vos tornastes participantes da oliveira cultivada, Jesus Cristo. Cortados da oliveira bravia, fostes enxertados na oliveira cultivada e vos tornastes participantes da abundância da verdadeira oliveira (cf. Romanos 11,17-24). O óleo exorcizado era símbolo, pois, da participação da riqueza de Cristo. Afugenta toda presença das forças adversas. Como a insuflação dos santos e a invocação do nome de Deus, qual chama impetuosa, queima e expele os demônios, assim este óleo exorcizado recebe, pela invocação de Deus e pela prece, uma tal força que, queimando, não só apaga os vestígios dos pecados, mas ainda põe em fuga as forças invisíveis do maligno.
(4) Depois disto fostes conduzidos pela mão à santa piscina do divino batismo, como Cristo da cruz ao sepulcro que está à vossa frente. E cada qual foi perguntado se cria no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar, e fostes imersos três vezes na água e em seguida emergistes, significando também com isto, simbolicamente, o sepultamento de três dias de Cristo. E assim como nosso Salvador passou três dias e três noites no coração da terra, do mesmo modo vós, com a primeira imersão, imitastes o primeiro dia de Cristo na terra, e com a imersão, a noite. Como aquele que está na noite nada enxerga e ao contrário o que está no dia tudo enxerga na luz, assim vós na imersão, como na noite, nada enxergastes; mas na emersão, de novo vos encontrastes no dia. E no mesmo momento morrestes e nascestes. Esta água salutar tanto foi vosso sepulcro como vossa mãe. E o que Salomão disse em outras circunstâncias, sem dúvida, pode ser adaptado a vós: “Há tempo para nascer, e tempo para morrer” (Eclesiastes 3,2). Mas para vós foi o inverso: tempo para morrer, e tempo para nascer. Um só tempo produziu ambos os efeitos e o vosso nascimento ocorre com vossa morte.
(5) Oh! fato estranho e paradoxal! Não morremos em verdade, não fomos sepultados em verdade, não fomos crucificados e ressuscitados em verdade. A imitação é uma imagem; a salvação, uma verdade. Cristo foi crucificado, sepultado e verdadeiramente ressuscitou. Todas estas coisas nos foram agraciadas a fim de que, participando, por imitação, de seus sofrimentos, em verdade logremos a salvação. Oh! Amor sem medida! Cristo recebeu em suas mãos imaculadas os pregos e padeceu, e a mim, sem sofrimento e sem pena, concede graciosamente por esta participação a salvação. 
(6) Ninguém, pois, creia que o batismo só obtém a remissão dos pecados, como o batismo de João só conferia o perdão dos pecados. Também nos concede a graça da adoção de filhos. Mas nós sabemos, com precisão, que como é purificação dos pecados e prodigalizador do dom do Espírito Santo, é também figura da Paixão de Cristo. Por isso clama a propósito Paulo, dizendo: “Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados?” (Romanos 6,3). Talvez dissesse estas coisas por causa de alguns, dispostos a ver o batismo como prodigalizador da remissão dos pecados e da adoção, mas não como participação, por imitação, dos verdadeiros sofrimentos de Cristo.
(7) Para que aprendêssemos que tudo o que Cristo tomou sobre si foi por nós e pela nossa salvação, tudo sofrendo em verdade e não em aparência e para que nos tornássemos participantes dos seus sofrimentos, exclamava veementemente Paulo: “Se fomos plantados com [Ele] pela semelhança de sua morte, também o seremos pela semelhança de sua ressurreição” (Romanos 6,5). Boa é a expressão “plantados com Ele”. Logo que foi plantada a verdadeira vide, nós também pela participação do batismo da sua morte “fomos plantados”. Fixa a mente com toda a atenção nas palavras do Apóstolo. Não disse: Fomos plantados com Ele pela morte, mas, pela semelhança da morte. Deveras, houve em Cristo uma morte real, pois a alma se separou do corpo. Houve verdadeiramente sepultamento, pois seu corpo sagrado foi envolvido em lençol limpo e foi verdadeiro tudo o que nele ocorreu. Para nós há a semelhança da morte e dos sofrimentos. Quando se trata da salvação, porém, não é semelhança e sim realidade.
(8) Todas estas coisas foram ensinadas suficientemente: retende tudo em vossa memória, rogo-vos, para que eu, ainda que indigno, possa dizer-vos: “Amo-vos porque sempre vos lembrais de mim e conservais as tradições que vos transmiti” (cf. 2ª Tessalonicenses 2,15) Ademais, poderoso é Deus que de mortos vos fez vivos, para conceder-vos que andeis em novidade de vida. A Ele a glória e o poder, agora e pelos séculos. Amém.

Para ampliar a discussão: Observar quais elementos “mistagógicos” estão presentes na celebração dos sacramentos e sacramentais. Eles são suficientemente valorizados ritualmente na sua paróquia? São suficientemente compreendidos? Qual a contribuição a catequese poderia oferecer para melhor apreendermos o seu significado e melhor celebrar?


BÍBLIA - Aula 2. INTRODUÇÃO AO LIVRO DO ÊXODO

(Anotações referentes à aula de 02/04/2014, ministrada pelo diácono Ubirajara, de Poá)

A palavra “Êxodo” significa “saída”. Este livro pode ser dividido em duas partes: uma histórica e outra legislativa. A histórica trata da vida dos hebreus no Egito e de sua multiplicação. Focaliza o nascimento de Moisés e, depois com este à frente, narra a peregrinação pelo deserto rumo à Terra Prometida. A parte legislativa contém uma série de leis religiosas, morais e civis, culminando no Monte Sinai, com a promulgação do Decálogo, também chamado Antiga Aliança.
Dos anos em que o povo hebreu passou no Egito, o autor sagrado relata apenas os dados que interessam à história religiosa dos hebreus: sua multiplicação extraordinária, desde as famílias vindas dos filhos de Jacó, chegados ao Egito, a glória de José e a opressão de seus descendentes, pelo monarca egípcio (faraó). Acredita-se que Ramsés II, que teria reinado entre os anos 1301-1225 a.C., tenha sido esse opressor e que pertencia à 19ª dinastia.
Quem desconhece o Êxodo e sua mensagem jamais entenderá o sentido de toda a Bíblia, pois está fundamentada neste livro a ideia de que se tem de Deus, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. De fato, a mensagem centrada do Êxodo é a revelação do nome do Deus verdadeiro: “Eu sou aquele que sou!” fazendo derivar do verbo hebraico “JHWH” ou “IHWH”, embora dessa raiz se originasse o improvavel “Javé”; esse nome no Êxodo está intimanete um ligado à libertação do povo hebreu. Javé é o único Deus verdadeiro que ouve o clamor do povo oprimido e o liberta, para reestabelecer com ele uma aliança e lhe dar leis que transformam a relação entre as pessoas. Desse modo, o homem só é capaz de nomear o verdadeiro Deus quando o considera de fato o libertador de qualquer forma de escravidão. 
A pergunta fundamental do Êxodo é: “QUAL É O SEU VERDADEIRO DEUS?” A resposta que aí encontramos é a mesma que reaparece em toda a Bíblia, e principalmente na pregação, atividade e pessoa de Jesus.
Na “sarça ardente” está o mistério da experiência de Deus que está além da compreensão humana. Este mistério é apresentado como fogo que arde sem se consumir (Êxodo 3,1-6). Esse Deus misterioso e aliado do povo oprimido, o povo de Abraão, Isaac e Jacó. Moisés se sente incapaz e sem autoridade para ser mediador da libertação para um povo, com quem jamais conviveu. Deus lhe assegura que estará com ele e que a libertação vai se realizar.
 
DESTAQUES:
Ex 2,11-22. Moisés, sabendo de sua origem, depara-se com a violência de um egípcio contra um escravo hebreu; sua primeira reação foi se colocar em defesa do oprimido; porém, faz uso da violência, mata o opressor e precisa fugir para não ser preso. Confiando apenas em sua própria força, Moisés fracassou. Recorre, então, ao auxílio de Deus. Nos Capítulos 3 e 4, Deus se revela a Moisés como o Libertador e o envia para enfrentar o faraó, livrar o povo da escravidão e conduzi-lo à Terra Prometida. É Deus quem vai à frente e Deus garante que a libertação vai se realizar. O homem deve assumir o projeto de Deus e deixar-se conduzir por Ele para que a libertação seja plena.
(Atualizado em 05/05/2014)