quinta-feira, 28 de agosto de 2014

CATEQUÉTICA, Aula 2. CONTEÚDO DA CATEQUESE

(Aula ministrada pela Professora Nazir Ramos em 27/08/2014)

PRINCÍPIOS PARA UMA CATEQUESE RENOVADA
30. A renovação atual da Catequese nasceu para responder aos desafios de uma nova situação histórica. Esta exige a formação de uma comunidade cristã missionária que anuncie, na sua autenticidade, o Evangelho e o torne fermento de comunhão e participação na sociedade e de libertação integral do homem.
Para realizar esse objetivo, a Catequese precisa de sólido fundamento. Ele só pode ser procurado na própria Palavra, pela qual Deus revela sua vontade de comunhão plena com os homens.
31. No Novo Testamento, o termo Catequese significa dar uma instrução a respeito da fé. Em sua origem, o termo se liga a um verbo que significa fazer ecoar (Kat-ekhéo). A Catequese, de fato, tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a Palavra de Deus.
32. O que é Palavra de Deus? O que significa Revelação? Que relação tem isso com a Catequese? São questões fundamentais, que serão aprofundadas no capítulo I. O capítulo II tratará das exigências da catequese.
2.1.1. A LINGUAGEM DA COMUNICAÇÃO DE DEUS
33. Deus, em sua bondade e sabedoria, quis revelar-se a si mesmo… Deus fala aos homens como a amigos e com eles conversa…. Assim o Concílio Vaticano II (DV* 2) expressa a convicção sobre a qual a Igreja e todo cristão edificam a sua fé. Mas, como Deus fala?
34. A principal forma de comunicação humana é a palavra. Mas, há outras linguagens com que os homens podem comunicar-se. Muitas vezes, um gesto diz mais que muitas palavras. Também gestos e fatos podem constituir uma linguagem.
35. Deus, para se comunicar com os homens, adotou essas duas linguagens que se completam mutuamente: a das palavras e a dos gestos ou acontecimentos (cf. ainda DV 2).
2.1.2. DEUS QUER COMUNICAR-SE A SI MESMO E FORMAR O SEU POVO
36. Além da linguagem, é necessário entender outros aspectos dessa comunicação entre Deus e o homem: 1) o que Deus quer comunicar; 2) a quem se dirige; 3) que obstáculos encontra.
37. 1º) Deus não quis e não quer comunicar aos homens apenas alguma verdade ou alguma lei. Ele quer comunicar a si mesmo, sua presença, seu amor (cf. DV 2 e também DV 6).
38. 2º) Deus não quer fazer isso separando as pessoas, mas unindo-as. Deus quis santificar e salvar os homens não isoladamente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo, que o conhecesse e o servisse santamente (cf. LG 9). Mesmo quando Deus se revela através de um profeta, é sempre ao povo que se dirige; e é sempre numa ligação vital com a comunidade que a pessoa é chamada e chega à fé em Deus.
39. 3º) Entre o homem e Deus há uma distância incomensurável, não só pelo desnível natural entre a grandeza infinita de Deus e a fragilidade da condição humana, mas também pelo pecado, que é uma recusa da comunicação com Deus, uma recusa do Amor. Uma vez que o homem não pode chegar sozinho ao pleno conhecimento de Deus, é necessário que o próprio Deus tome a iniciativa de se revelar, de remover as barreiras entre ele e nós, deixando de ser um Deus escondido para nos mostrar o seu rosto, quem ele é.
2.1.3. A "PEDAGOGIA" DE DEUS
40. Compreende-se agora que a Revelação de Deus é mais um processo, uma caminhada, do que um ato realizado imediatamente e de uma vez.
41. Isto acontece, não porque Deus não quer comunicar-se logo e por inteiro. Deus É comunicação, Deus É amor. Deus está sempre perto de nós. Mas somos nós que nos afastamos dele. Somos nós que precisamos desse processo lento e permanente da Revelação, porque seres históricos, em construção.
42. Em outras palavras, a humanidade não está preparada para acolher a Deus plenamente. Muitos obstáculos a separam dele. Muitos pecados a desviaram.
43. Deus, então, ele mesmo procura guiar a humanidade de volta. Procura orientá-la, aproximá-la de si. Torna-se para seu povo como um pai ou uma mãe que ensina à criança os caminhos da vida. Torna-se um mestre ou educador, que ensina aos alunos caminhos mais adiantados em busca da verdade e da felicidade. Como um pai educa seu filho, assim Deus educa seu povo (Dt 8,5).
44. Por isso, pode-se falar em pedagogia de Deus (cf. DV 15), para indicar a forma com que Deus se revelou na História da humanidade, gradativamente, por etapas.
2.1.4. A HISTÓRIA DA REVELAÇÃO
45. A Revelação de Deus foi conservada, de início, por uma tradição oral contada de pai para filho (cf. Dt 4,10; 11,19), de boca em boca. Depois foi posta por escrito na Bíblia.
46. A Bíblia usa raramente a palavra Revelação. Tampouco faz teorias sobre ela. Conta, sobretudo, fatos. Alguns desses fatos podem ajudar-nos a compreender como se dá a Revelação. São principalmente fatos que apresentam o encontro de Deus com o seu povo ou com um profeta.
47. Tomemos um exemplo: a revelação de Deus a Moisés (Ex 3,1-15). Deus atrai Moisés com um sinal: a sarça ardente. E a Moisés comunica duas coisas: o seu Nome e a vontade de libertar os filhos de Israel. Reparemos bem: De um lado, Deus se apresenta como Deus dos pais, dos antepassados de Moisés, o Deus que Moisés já conhece e adora. Até aí, nada de novo. De outro lado, Deus revela algo novo que Moisés e seu povo não conheciam: o nome Javé (que significa Aquele que sou ou Aquele que estou convosco) e a vontade de libertá-los.
48. Nos encontros de Deus com o seu povo e seus profetas, é possível reconhecer essa estrutura da Revelação: Deus fala partindo de algo que os homens já conhecem, que pertence à experiência deles, e procura levá-los a descobrir e compreender algo novo do seu ser, do seu amor, da sua vontade. Ou ainda: Deus ilumina o seu povo e seus profetas para que compreendam o sentido da História que estão vivendo, dos acontecimentos que Deus quis ou permitiu.
49. Muitas vezes, o acontecimento é tão importante que ilumina com luz nova todo o passado e leva a uma nova e mais profunda compreensão do plano de Deus. É o que aconteceu com a experiência da aliança. À luz dela, foi interpretada toda a história da salvação: a criação (cf. Is 40,25-28; 44,24; etc.), Noé (Gn 6,19; 9,9), Abraão (Gn 17,2), Moisés (Ex 19,5; 24,7), Davi (2Sm 23,5). A fé de Israel se expressa através da evocação da História (Dt 6,20-23; 26,5-9).
A luz definitiva sobre a história da Revelação vem de Jesus, que revela enfim toda a amplitude do amor de Deus.
2.1.5. A PLENITUDE DA REVELAÇÃO: JESUS CRISTO
50. A expressão mais alta, absolutamente única e definitiva da comunicação de Deus à humanidade, é Jesus, o Cristo (cf. DV 4). Nele, Deus não se limita a manifestar algo de seu Amor. Deus se dá a si mesmo. Jesus é a encarnação, na natureza humana, do Verbo. É a própria Palavra de Deus feita carne (Jo 1,14).
51. Jesus Cristo se torna assim, para os homens de todos os tempos, caminho, verdade e vida (Jo 14,6). Só por ele se vai ao Pai. Ele é a plenitude da Revelação. Por isso, depois de Jesus, já não esperamos novas revelações. É importante, porém, observar como Jesus revela o Pai. De novo encontramos a presença de acontecimentos e palavras estritamente uni dos. Sua encarnação, sua vida terrena, especialmente sua morte e ressurreição são fatos em que a fé reconhece Deus que se revela e se comunica.
O sentido desses fatos se torna acessível a nós pelas próprias palavras de Jesus, que compreendemos com a ajuda do Espírito Santo e da Igreja.
52.     Para a Catequese, é ainda importante reparar que Jesus, na sua pedagogia, para levar seus ouvintes à plenitude da fé, não despreza a história anterior da Revelação, o Antigo Testamento, e também recorre às situações de vida e à experiência das pessoas, educando-as para que reconheçam nelas os apelos de Deus.
2.1.6. CRISTO SE COMUNICA PELO ESPÍRITO SANTO
53. Jesus é a plenitude da Revelação de Deus. Neste sentido, Deus não tem mais nada a revelar de si mesmo (cf. DV 4). Tudo o que é do Pai foi comunicado a Jesus, e Jesus o comunicou a seus discípulos e após tolos (Jo 15,15; cf. também DV 7). Revelou os mistérios  quer dizer, a intimidade de Deus, o que até então estava escondido  não aos sábios e entendidos, mas aos simples (Mt 11,25).
54. Mas Jesus, exatamente porque nele habita a plenitude de Deus e só nele se encontra a salvação, deve tornar-se de alguma forma contemporâneo e companheiro de todos os homens. É esta a tarefa que se realiza através do Espírito de Jesus, o Espírito Santo que atua na Igreja. Neste sentido, pode-se dizer, com o Concílio Vaticano II, que Deus continua mantendo permanente diálogo com a comunidade cristã (cf. DV 8c) e que o Espírito Santo faz ressoar na Igreja e no mundo a voz viva do Evangelho, conduzindo os fiéis para a plenitude da verdade (Jo 16,13).
55. Como o Novo Testamento afirma repetidas vezes, a experiência do Espírito na comunidade cristã é inseparável da memória de Jesus (cf. Jo 14,26; 15,26; 16,13-14; At 2,17-36; 1Cor 2,1-16; 12,3; 2Cor 3,3; etc.). Mas a ação do Espírito não está somente voltada para o passado. Ela quer conduzir a vida e fazer crescer a fé do Povo de Deus (DV 8a). Ela se volta também para o futuro, para a plenitude da verdade, fazendo progredir a compreensão tanto das realidades como das palavras confiadas à Igreja.
56. O  Espírito  não  age  só,  livre  e  misteriosamente, como o  vento  da  noite,  que  não  se  sabe  de  onde vem e para onde vai (Jo 3,8). Ele, para manter inalterado e vivo o Evangelho, suscitou e conserva na Igreja a Tradição, a Escritura e o Magistério (cf. DV 7-10).
BIBLIOGRAFIA: Catequese renovada: orientações e conteúdo – Parte II, Documento 26 da CNBB, 1983


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* DV = Dei Verbum, constituição dogmática do Concílio Vaticano II, sobre a revelação divina.

domingo, 24 de agosto de 2014

DIA DO CATEQUISTA NA DIOCESE


Convidamos a todos os catequistas para a Missa em Ação de Graças pela vocação dos Catequistas, que será no próximo sábado, 30/08/2014, na catedral diocesana.
A concentração será às 9h na praça em frente à Catedral.
A missa foi preparada por catequistas das 10 cidades da diocese, junto com a Comissão para Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Mogi das Cruzes.
Após a missa, teremos uma confraternização no salão. 
Vamos juntos fazer uma grande festa!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

CATEQUÉTICA, Aula 1: HISTÓRIA DA CATEQUESE

1.1.  CATEQUESE COMO INICIAÇÃO À FÉ E VIDA DA COMUNIDADE
4. Esta primeira fase se estende, aproximadamente, do século I ao século V.
No tempo dos Apóstolos, a vivência fraterna na comunidade, celebrada principalmente na Eucaristia, representava a maneira mais alta de traduzir na vida a mensagem de Cristo Ressuscitado (1Cor 11,17-29).
5. Era na comunidade que se vivia a doutrina dos Apóstolos, seu ensinamento recebido do próprio Cristo que, pouco a pouco, foi sendo formulado nos Símbolos da Fé (fórmulas condensadas, como o Credo), nas doxologias (aclamações litúrgicas como as que encontramos, por exemplo, em Ef 1,3-14; Rm 1,8; Rm 16,27; 1Cor 1,2-3), e nas orações.
6. Aos  poucos  foi-se  formando  uma  Catequese prolongada e  organizada,  que  tinha  como  objetivo  levar  os  convertidos à iniciação  na  vida  cristã.  Criou-se  assim  o  catecumenato com seus  vários  graus,  que  preparava  os  candidatos  à  vivência na comunidade  cristã,  através  da  escuta  da Palavra, das celebrações e do testemunho. Muitas das obras notáveis em Catequese dos Padres da Igreja surgiram no contexto do catecumenato (cf. CT 12).
7. A Catequese introduzia progressivamente na participação da vida cristã dentro da comunidade. Animada pela fé, sustentada pela esperança, exercida através da caridade fraterna, a própria vida da comunidade fazia parte do conteúdo da Catequese. Esta, por sua vez, era o instrumento a serviço de uma entrada consciente na comunidade de fé e da perseverança nela. Catequese e comunidade caminhavam juntas.
1.2. CATEQUESE COMO PROCESSO DE IMERSÃO NA CRISTANDADE
8. No período que vai mais ou menos do século V ao século XVI, pode-se dizer que a Catequese já não consistia tanto numa iniciação à comunidade de fé, como verificamos na fase anterior. É que a sociedade inteira, em todos os seus aspectos, se considerava animada pela religião cristã, a ponto de se estabelecer uma aliança entre o poder civil e o poder eclesiástico. Foi o que se chamou de cristandade.
9. A Catequese se fazia, então, por um processo de imersão nessa cristandade.
Sem esquecer a influência da família, das escolas episcopais e monacais e da pregação, convém ressaltar que a educação da fé se realizava pela participação numa vida social, profissional e artística marcada pelo religioso, num ambiente cristão presente na sociedade inteira.
1.3. CATEQUESE COMO INSTRUÇÃO
10. A partir do século XVI, a catequese passou, conforme as exigências do tempo, a realizar-se prevalentemente por um processo que valorizava mais a aprendizagem individual, na qual já não era tão marcante a ligação com a comunidade.
11. Vários fatores concorreram para que a Catequese se concentrasse no aspecto da instrução. Salientamos entre outros:
a) a preocupação com a clareza e a exatidão das formulações doutrinais, em face das divisões no meio dos cristãos, no tempo da reforma protestante;
12. b) a descoberta da imprensa e a difusão das escolas, que concentram a Catequese nos textos para o ensino, isto é, nos catecismos. Após as primeiras tentativas católicas, inclusive latino-americanas, Lutero publicou seu catecismo em 1529. Entre 1550 e 1600 apareceram os grandes catecismos inspirados no Concílio de Trento, como o de São Pedro Canísio, em 1555, e o de São Carlos Borromeu, em 1566, e o de São Roberto Bellarmino, em 1597. O valor sempre inspirador dos catecismos, numa época de confusão doutrinal, foi o de apresentar de maneira clara e pedagógica o conjunto dos principais mistérios da fé cristã (cf. CT 13);
13. c) a influência do iluminismo: segundo este movimento cultural, a inteligência humana, devidamente instruída, é capaz de encontrar sozinha a solução de todos os problemas da humanidade.
1.4. CATEQUESE COMO EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA A COMUNHÃO E PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE DE FÉ
14. 1.4.1. No século XX foi-se redescobrindo na Catequese a importância fundamental da iniciação cristã e do lugar primordial que nela cabe à comunidade de fé.
Tal tendência foi gradativamente reforçada por vários elementos:
15. a) os resultados dos movimentos bíblicos, patrístico, litúrgico e querigmático que, na evangelização, contribuíram respectivamente para a revalorização da Bíblia, da Liturgia e do anúncio de Jesus Cristo;
16. b) as descobertas da psicologia, da pedagogia e de outras ciências humanas, descobertas essas aplicadas aos processos catequéticos;
17. c) mais recentemente, a renovação inspirada no Concílio Vaticano II (1962-65), explicitada no Diretório Catequético Geral (1971) e animada pelos Sínodos sobre a Evangelização (1974) e sobre a Catequese (1977). Fruto desses dois Sínodos são as exortações apostólicas Evangelii Nuntiandi (EN) de Paulo VI, sobre a Evangelização no mundo de hoje (1975) e  Catechesi Tradendae (CT) de João Paulo II, sobre a Catequese hoje (1979);
18. d) as transformações no próprio mundo pelo progresso tecnológico-científico, explosão demográfica, urbanização, e pela secularização, fruto do positivismo e do tecnicismo.
Esta sociedade, marcada pela massificação, anonimato, impacto dos meios de comunicação de massa, consumismo, libertinagem moral, violência coletiva e desigualdades sociais chocantes, exige, de modo novo e radical, a segurança da pessoa no abrigo de uma comunidade menor, onde possam ser vividos os valores do relacionamento interpessoal.
19. Esta sociedade, marcada também pelos ateísmos práticos e teórico-militantes, por diversos tipos de neopaganismo, pelas formas fanáticas e sectárias de religiosidade de origem recente e pelo indiferentismo religioso, precisará também de um tipo de Catequese que, além de uma sólida fundamentação da fé, seja capaz de ajudar o cristão a converter-se e a comprometer-se no seio de uma comunidade cristã para a transformação do mundo.
20. 1.4.2. Na América Latina, a 2ª Conferência Episcopal realizada em Medellín (1968), percebeu esta nova necessidade e, aplicando os ensinamentos do Concílio Vaticano II à nossa realidade continental, redirecionou a catequese para o compromisso libertador nas situações concretas. À luz do documento final de Medellín, confirmado mais tarde pela Evangelii Nuntiandi e pela Conferência de Puebla (cf. P 978-986), a Catequese na América Latina vem procurando realizar-se em estreita ligação com a realidade da vida, para a construção de comunidades de fé.
Neste sentido vem levando os catequistas a caminharem com os mais pobres e oprimidos e a partilharem as suas angústias, lutas e esperanças.
21. 1.4.3. No século XX, também no Brasil, o movimento catequético foi impulsionado pela ação do Papa São Pio X e sua encíclica sobre a catequese, intitulada Acerbo Nimis (1905). Também nesta época surgiu o Catecismo dos Bispos das Províncias Meridionais do Brasil, que teve inúmeras edições. Varias gerações de cristãos foram instruídas e educadas na fé por este catecismo.
Num notável esforço de renovação nestas últimas décadas, a Catequese no Brasil passou por diversas fases onde, sucessivamente, os acentos e as preocupações recaíam sobre o conteúdo, método, sujeito e, mais recentemente, sobre o objetivo da catequese.
Já desde os anos 40, diversos pioneiros se dedicaram ao trabalho de sistematização e adaptação da Catequese às novas exigências.
22.     É o caso, entre outros, de Mons. Álvaro Negromonte, que criou e difundiu no Brasil o chamado Método integral de Catequese, o qual se propunha como objetivo formar o cristão íntegro, firme na fé, forte no amor e pleno de esperança.
23.     É o caso também dos que trabalharam, nas décadas de 50 e 60, nos secretariados nacionais e regionais de catequese e nos Institutos de Pastoral Catequética, que daí surgiram depois do Concílio Vaticano II nos diversos níveis. Os Institutos prestaram relevante serviço no que tange à formação dos quadros dirigentes da catequese.
24.     Houve, em todo este último período, um grande esforço de integrar a catequese no conjunto da renovação pastoral, a fim de pôr em prática os princípios e normas do Concílio, repetidamente inculcados pelos Papas e pelos Sínodos, adaptados à situação latino-americana em Medellín e Puebla e à nossa situação brasileira pelas orientações e diretrizes gerais da CNBB.
25. 1.4.4. Cabe ressaltar, como características positivas que vem tomando a nossa catequese:
— uma inserção maior no conjunto de toda a pastoral esta vem procurando torna-se cada vez mais uma pastoral orgânica;
— a apresentação de uma nova imagem da pessoa de Jesus Cristo e sua prática, da Igreja, e do homem;
— a consideração da pessoa humana como um todo, com seus direitos e deveres, suas dimensões individual, comunitária e social;
— a luta pela libertação integral do homem, reconhecido como sujeito de sua própria história;
— o relevo dado às comunidades eclesiais de base e à opção preferencial pelos pobres;
— a preocupação por um ensino sistemático dos conteúdos da fé, através de um roteiro nacional.
26.     Ao lado dessas aquisições, porém, cabe não perder de vista as deficiências que a catequese no Brasil continua mostrando:
— ainda não atinge permanentemente a todos os cristãos, especialmente os jovens e adultos, os universitários, o operariado nos grandes centros e as elites intelectuais;
— às vezes, fica em dualismos e falsas oposições, como entre a catequese sacramental e catequese vivencial, entre catequese doutrinal e catequese situacional;
— publicações catequéticas fracas e às vezes questionáveis do ponto de vista doutrinal e metodológico;
— em certos lugares, a catequese ainda continua a merecer maior atenção de nossa parte, de sacerdotes, de seminaristas, de religiosos, e também não encontra apoio suficiente nas famílias;
— um ensino religioso muitas vezes fragmentário e pouco eficaz em diversos Estados.
27. É compreensível que cada um, num processo complexo como é o da catequese, acabe por favorecer um ou mais elementos integrantes do processo, em detrimento de outro. Daí o surgimento de diversos tipos de catequese e uma rica variedade de textos e manuais que sublinham, às vezes, a instrução nas verdades; outras, a experiência vital individual ou comunitária, os métodos de uma sã pedagogia e a devida atenção à pessoa do educando.
Em alguns sobressai o aspecto da inserção na comunidade de fé; noutros, a adesão à caminhada do povo na busca de sua libertação e o impacto to transformador nas estruturas sociais.
28. Cada uma das múltiplas tendências existentes em nossas Igrejas locais tem seus aspectos positivos e suas limitações. O processo que procura integrar os diversos elementos válidos das diferentes tendências parece-nos como o mais correspondente aos objetivos finais da Catequese e como o mais fiel às diretrizes da Igreja desde o Vaticano II.
29. Tal processo procurará unir: fé e vida (cf. Cân 773); dimensão pessoal e comunitária; instrução doutrinária e educação integral; conversão a Deus e atuação transformadora da realidade; celebração dos mistérios e caminhada com o povo.
Procuramos, nestas Orientações, perceber os fundamentos e as consequências práticas de uma Catequese que procura renovar-se diante das novas situações.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

A INICIAÇÃO CRISTÃ E A EXPERIÊNCIA VIVIDA

(Textos selecionados a partir do tema.)

DINÂMICA DO DOCE
Descrição: O coordenador estabelece um diálogo. Diz que tem um presente/doce/fruta que é muito bom! Mas, como saber ao certo? (Precisa confiar em quem está falando!) Então, um voluntário  é chamado a experimentar o presente (bala ou uva) e comunica suas sensações para os outros. A seguir perguntamos para outros voluntários: "Você acha que este presente/doce/fruta é bom realmente?" (até que alguém responda "Não" ou "Não sei"). "O que voce precisa para saber?" "Preciso experimentar." (O voluntário experimenta e, se gostar, fica tão contente que quer que os outros também provem.)

OBS: A dinâmica acima foi baseada na Dinâmica: 69. SENTINDO O ESPÍRITO SANTO. 

Participantes: indefinido. Tempo Estimado: 15 minutos. Material: Uvas ou balas.
Descrição: O coordenador deve falar um pouco do Espírito Santo para o grupo. Depois o coordenador da dinâmica deve mostrar o cacho de uva e perguntar a cada um como ele acha que esta o sabor destas uvas. Obviamente alguns irão discordar a respeito do sabor destas uvas, como: acho que está doce, que está azeda, que está suculenta etc.
Após todos terem respondido o coordenador entrega uma uva para cada um comer. Então o coordenador deve repetir a pergunta (como esta o sabor desta uva?).
Mensagem: Só saberemos o sabor do Espírito Santo se provarmos e deixarmos agir em nós.

ADAPTAÇÃO: Foi feita a dinâmica no início do encontro, sem ter ainda falado nada.
OBJETIVO: Mostrar a importância de experimentar, de provar, de saborear o amor de Deus e a sua Palavra. E que essa Palavra, uma vez saboreada, nos leva à ação, à partilha, à caridade e ao amor ao outro.


LITURGIA, A FESTA DA VIDA
Rodrigo é um menino curioso. Vive fazendo perguntas sobre o que vê ou escuta. Certo dia, ao chegar na casa de sua avó, perguntou:
_ Vó, o que é liturgia?
_ Liturgia é uma festa – respondeu dona Alice.
_ Ah… Então a festa de aniversário da Mariana foi uma liturgia?
_ O aniversário da Mariana foi uma festa, mas não uma liturgia.
Em um aniversário existem muitas coisas que existem numa festa de liturgia: pessoas, alegria… Mas não existe o mais importante: a presença de Deus como centro da festa. As festas litúrgicas são momentos fortes na vida da Igreja. Assim, como nós temos momentos fortes em nossa vida: nosso nascimento, aniversários, formaturas, casamento… – também a Igreja tem momentos fortes.
A festa litúrgica mais conhecida é a Eucaristia. Mas há também os momentos litúrgicos do batismo, da Crisma, do matrimônio e outros. As pessoas se reúnem para celebrar a vida em Deus e por isso rezam, cantam, louvam e agradecem.
_ Quer dizer que Deus fica na Igreja esperando o povo para a liturgia?
_ Não… Deus está presente na vida de todas as pessoas – afirmou a vó Alice, – mas é na liturgia que O encontramos de forma especial. Há momentos durante o ano muito importantes na liturgia: o Natal, a Quaresma, a Páscoa, Pentecostes, Corpus Christi e outros.
_ Vovó… – disse Rodrigo, como quem havia chegado a uma bela conclusão, – quer dizer que a liturgia é a festa da vida?!
_ Muito bem, meu netinho! Agora vejo que você entendeu muito bem!

LITURGIA COMO FONTE DA CATEQUESE (Diretório Nacional da Catequese, DNC n.116)
2.2.1. Fundamento antropológico
116. O ser humano é, por natureza, ritual e simbólico. Refeições em família, nascimentos e mortes, festas populares, comícios, perdas e vitórias humanas são cheias de ritos. Pelo rito, expressamos o sentido da vida, oferecido e experimentado por um ser cultural. Aderir ao rito significa abrir-se ao sentido proposto por aquele grupo e, portanto, assumir sua identidade, fazer parte dele. A observância do mandamento de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” possibilita a adesão, sempre renovada e reforçada em cada celebração, à identidade com Ele e à comunidade cristã. A identidade, nesse caso, tem a ver com o sentido da vida, a proposta do Reino (amor, comunhão, partilha...) que Jesus ensinou, viveu e nos deixou como mandamento.
A expressão ritual trabalha com ações simbólicas e estas atingem o ser humano como um todo, em suas diversas dimensões: sensorial, afetiva, mental, espiritual, individual, comunitária e social. A ligação estreita que existe entre experiência, valores e celebração nos permite formular uma espécie de lei estrutural da comunicação religiosa: aquilo que não é celebrado não pode ser apreendido em sua profundidade e em seu significado para a vida. A catequese leva em conta essa expressão de fé pelo rito para desenvolver também uma verdadeira educação para a ritualidade e o simbolismo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

AGOSTO, MÊS VOCACIONAL

Neste mês, todo cristão é convidado a rezar pelas vocações e a Igreja celebra em cada domingo, uma vocação específica:


No segundo domingo celebramos o dia dos Pais, recordamos então o chamado a gerar a vida, a continuar com a obra criadora de Deus. Ser Pai constituir família, assumir um estado de vida na Igreja. “Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida?” (Hebreus 12,9)

No terceiro domingo celebramos a vocação religiosa motivados pela festa da Assunção de Maria, modelo de todos aqueles que dizem SIM.  “Vida consagrada é um dom do Pai, dado por meio do Espírito, à sua Igreja e que constitui um elemento decisivo para sua missão. Se expressa na vida monástica, contemplativa e ativa, nos institutos seculares, naqueles que se inserem nas sociedades de vida apostólica e outras novas formas” (Documento de Aparecida, DAp 216)

No quarto domingo recordamos todos os ministérios leigos. Todos os leigos são chamados a evangelizar fazendo parte, como nos diz a palavra de Deus. Ide fazei discípulos todos os povos” (Mateus 28,19)  
“Os fiéis, e mais propriamente os leigos, encontram-se na linha mais avançada da vida da Igreja; para eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana. Por isso, eles, e sobretudo eles, devem ter uma consciência, cada vez mais clara, não só de pertencerem à Igreja, mas de ser a Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis sobre a terra sob a guia do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja...” (Pio XII, citado no Catecismo 899)

E no último domingo, a vocação dos catequistas. “O catequista, que participa da vida do grupo e sente e valoriza a sua dinâmica, reconhece e atua, como sua tarefa primária e específica, a de ser, em nome da Igreja, testemunha ativa do Evangelho, capaz de participar aos outros os frutos da sua fé madura e de estimular, com inteligência, a busca comum.” (Diretório Geral da Catequese, DGC 159b)

TEXTO DO DIÁCONO ARNALDO JOSÉ DA SILVA PARA A CATEQUESE.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A ESCOLA DIOCESANA RECOMEÇA NESTA QUARTA 06/8

Nesta quarta-feira 06/8 às 19h30, retomamos a ESCOLA DIOCESANA DE CATEQUESE com duas novas matérias: Iniciação Cristã (com Prof. Gabriel Frade) e Metodologia Catequética (Profa. Nazir Ramos). 
Afinal, ser "discípulo e missionário de Jesus Cristo" é levar "a alegria do evangelho" e o amor de Deus ao mundo!
Participe e divulgue!