(Aula ministrada pela Professora NAZIR RAMOS em 05/11/2014)
A questão da disciplina é um desafio no
mundo atual. Já se foi aquele tempo em que as crianças eram dóceis e
obedientes, cheias de motivação para o aprendizado das coisas de Deus. A falta
de motivação talvez seja a principal causa da indisciplina. Isso não se
verifica só na catequese. As escolas enfrentam o mesmo problema e as famílias
também não escapam da questão. Até na convivência social se nota mais
indisciplina e menos respeito. Além da falta de motivação, o que se constata
largamente é a falta de educação. Isto mesmo. A maioria dos psicólogos
concordam em afirmar que as famílias de hoje estão, muitas vezes, com problemas
na educação de suas crianças, que não sabem respeitar, nem obedecer, nem se
comportar publicamente. Uma das preocupações da catequese precisa ser esta:
formar para a convivência sadia. Então, é preciso enfrentar a questão da
indisciplina. É um tema extremamente difícil.
Focos de problemas disciplinares na catequese
A indisciplina é um fenômeno generalizado, em todas
as turmas e idades. Não é fácil resumir suas causas. Mas podemos apontar alguns
focos, ou seja, situações ou realidades que ajudam a provocar a indisciplina.
A falta de
motivação da turma: Talvez seja o maior problema. A criança vai para a catequese sem
estar motivada para isso. As famílias não respiram mais aquele ar sagrado que
motivaria a busca do conhecimento das coisas de Deus. As crianças não
compreendem como e por que a catequese pode ser importante. Para que rezar?
Para que cantar? Para que ler a Bíblia? Não fica claro. Então a criança se
dispersa e começa a fazer bagunça. Para enfrentar isso, o catequista precisa,
antes de mais nada, ser capaz de motivar a turma. Não existem regras mágicas
para isso. Na convivência com a turma, o catequista tentará ir descobrindo como
fazer esta motivação. No entanto, vale lembrar alguns cuidados sem os quais não
se faz motivação: simpatia do catequista, exposição inteligente e clara dos
assuntos, segurança quanto à vocação de catequista, interesse por cada criança.
Além disso, o catequista pode usar a criatividade, fazendo promoções,
festinhas, passeios, etc.
O encontro mal
dado: É outra
questão que dificulta o entusiasmo da turma e provoca indisciplina. O
catequista não precisa ser um pedagogo nato, mas precisa aperfeiçoar sua metodologia
catequética. Estudar bem os assuntos, tirar suas dúvidas, treinar as músicas,
ensaiar as leituras, compreender bem as atividades. Além disso, saber mostrar o
por que e para que de cada coisa que se faz, saber chamar a atenção para a
importância dos assuntos, saber fazer a ligação dos temas com a vida das
crianças, fazer tudo com capricho e bom gosto. Quando o encontro é bem dado, a
turma já se sente mais motivada. Às vezes, o catequista domina o conteúdo, mas
não sabe transmiti-lo. A comunicação é a chave principal do encontro de
catequese.
O jeito do
catequista: É outra questão essencial. Cada catequista tem seu jeito. Isso é óbvio.
Mas há questões que podem ser melhoradas. O catequista precisa mostrar
segurança e simpatia; mas não pode ser meloso, nem violento. Deve ter voz
forte; sem gritar o tempo todo. Se surgir algum problema, deve saber tomar
decisões; sem perder o bom humor e sem se sentir culpado. Deve também estar
atento para perceber tudo o que acontece na turma. Se surgir algum problema, interromper
o encontro até que tudo seja resolvido. O catequista que continua falando no
meio da algazarra acaba passando por palhaço diante da turma. Isso faz com que
a turma perca o respeito. Outra coisa importante: tratar a todos de forma
igualitária e ser sobretudo atencioso e amigo, sem deixar de ser firme.
O ambiente
dispersivo: O ambiente
circular e aconchegante ajuda na concentração e na comunicação. Ambientes muito
grandes para turmas pequenas ou vice-versa, não são favoráveis. Ambientes muito
próximos de barulhos também atrapalham a concentração. Tudo o que puder fazer
para melhorar o ambiente ajudará na disciplina.
Idades
misturadas: Outra coisa que não deve acontecer. Se houver na mesma turma crianças
com idades muito diferentes, dificilmente o catequista conseguirá manter a
disciplina. Por isso, as turmas já devem ser divididas de acordo com as idades
das crianças.
Tipos mais comuns de indisciplina
É certo que,
na hora de analisar a questão disciplinar, cada caso é um caso. Pessoas e
circunstâncias são diferentes. Mas podemos enfocar alguns tipos mais comuns, só
para ajudar a compreendê-los e a lidar com eles. Geralmente, a criança
indisciplinada apresenta várias destas características ao mesmo tempo.
O
problemático: É a criança que apresenta indisciplina
por estar passando por problemas. Normalmente, os problemas vêm da família. é
preciso ter em vista, no entanto que nem todas as crianças indisciplinadas são
simplesmente problemáticas. Mas a criança pode estar atravessando uma fase
difícil na vida: problemas familiares, problemas na escola, divergências
com os amigos, problema de saúde, tudo isso pode diminuir o interesse e a
concentração do catequizando. O problemático é meio imprevisível: às
vezes torna-se agressivo e violento; outras vezes, faz greve de silêncio;
outra, resolve ser do contra. Quando todos se sentam, ele fica de pé; quando
todos se levantam, ele se senta. Portanto, para saber se a criança é
indisciplinada por causa de problemas, o catequista precisa conhecê-la bem. Aí
está o primeiro desafio. Importante também é saber que, mesmo estando com
problemas, a criança precisa saber se comportar. Então, o catequista não
permitirá um comportamento que prejudique o encontro. O mais aconselhável é que
o catequista tenha uma conversa simpática e amigável em particular com esta
criança, num momento favorável.
O mal
-educado: É fácil perceber quando a criança é
sem educação mesmo. Como já diz o ditado "vem do berço". O
mal-educado não sabe respeitar nada, nem ninguém. Interrompe quando não deve,
age com grosseria. Nesse caso, é preciso mostrar energia. Repreenda-o com
firmeza, mas com educação. Ao conversar em particular, seja firme e não dê
tréguas. E, mesmo diante da turma, não tenha medo de chamar sua atenção. Quando
o problema for falta de educação, não ignore. É preciso "pegar no pé"
desse catequizando, sem se tornar excessivamente implicante.
O violento: É um
tipo agressivo que mexe com todos e só pensa em brigar e mostrar força. Não só
provoca dentro do encontro, mas depois também. O violento é uma pessoa que não
sabe lidar com seu temperamento explosivo. Às vezes, é também problemático e
sem educação. O problema maior é que uma criança violenta acaba provocando mais
violência, despertando agressividade nos outros e oprimindo aos que são mais
recatados. O catequista precisa intervir logo. Não deixe haver brigas dentro do
encontro em hipótese alguma. Chame a atenção energicamente e com voz forte.
O
catequizando violento e agressivo precisa saber que, durante o encontro
catequético o catequista é o responsável pelo desenvolvimento do mesmo e tem
autoridade. Então, exerça sua autoridade no melhor estilo.
O
engraçadinho: É o palhacinho da turma. Faz
todos rirem na hora mais inadequada. Basta um olhar dele ou uma careta para a
turma achar graça, vira o centro das atenções e ganha destaque. Usa suas
artimanhas para conquistar seu espaço e colher a atenção da turma. Se parar de
fazer gracinhas, perderá sua extrema simpatia. O que fazer? Se forem
brincadeiras inocentes, encontre uma forma de conviver com ele. Tente
estabelecer momentos de fazer graça e momentos de ficar sério. Não o repreenda
duramente em público, pois a turma o incentivaria a continuar só para provocar
você. Não é bom que o catequista seja rabugento nesse caso. Ao contrário, a
solução é ser bem-humorado. Às vezes, você pode até rir também. Com isso, você
conquista a simpatia do "engraçadinho". E lembre-se: ele só vai
respeitá-lo se aprender a admirá-lo. Ele pode se tornar seu aliado ou seu
inimigo. Vai depender de seu jogo de cintura. Se as brincadeiras estão
ultrapassando certos limites, tenha uma conversa em particular. Nessa conversa,
brinque e seja amável. Mostre que é bom que ele seja simpático, mas que é
preciso ter cuidado para não passar dos limites. Mostre claramente quais são estes
limites e tente chegar a um acordo com ele. Se depois, ele esquecer de cumprir
o acordo, chame sua atenção com o olhar, ou de forma bem-humorada. De
preferência, ao chamar sua atenção, seja mais engraçado do que ele. Outra
coisa: Veja como a turma reage ao "engraçadinho". Se suas
brincadeiras já começaram a incomodar, então é hora de dosar seu estilo. Mas
nunca perca a simpatia da turma por causa do "engraçadinho".
"O
avacalhador": É um "engraçadinho"
desajeitado. Quer ser simpático e acaba avacalhando tudo. Vai brincar e acaba
causando grande confusão. Tolere simpatia, mas não aceite
"avacalhação". Se for preciso, chame a atenção com certa energia, mas
nunca com a mesma energia com que você se dirigiria ao violento. Se ele é
simpático diante da turma, tome cuidado. Às vezes, para controlar suas
trapalhadas, você acaba perdendo a simpatia da turma. Isso não vale a pena.
Seja firme, mas simpático. Conquiste sua amizade, faça-o admirar você. Tente
descobrir, mas sem perguntar a ele diretamente, o porquê de suas
"avacalhações". Conhecendo suas razões, será possível compreendê-lo
melhor.
"O
mal-intencionado": É um tipo que se aproveita das
situações para aprontar. Gosta de esconder suas "macaquices", põe a
culpa nos outros. Fique atento: não deixe que ele enrole você. Veja tudo. Se
for possível, coloque-o em um lugar onde possa ser visto. Ele difere do
avacalhador por gostar de se esconder. Às vezes, tem atitudes bastante
inconvenientes. Ao dar as mãos, belisca o colega. Quando vai dar abraço da paz,
joga o outro no chão. Retira a cadeira para o outro cair no chão, enfia o dedo
no olho do companheiro, passa as mãos nas pernas das meninas. É, enfim, um
brincalhão que incomoda toda a turma com suas brincadeiras de mau gosto. E a
turma, a o invés de prestar atenção no catequista, ficará de olho no
mal-intencionado, para evitar cair em seus golpes. É preciso ter tino para
controlar esse tipo.Se ele for simpático à turma, é preciso competir com sua
simpatia evitando mau-humor. Converse com ele em particular e ajude-o a ser
engraçado sem incomodar. Mas não o impeça de ser engraçado e simpático, porque
é isso que ele quer e não consegue. Não deixe que ele forme turminhas dentro da
turma. Ele terá uma enorme tendência a isso, pois não podendo agradar a todos,
tentará arrebanhar alguns adeptos. E os colegas aceitarão ser amigos dele
para ficar livres de suas brincadeiras de mau gosto. Desmanche as turminhas,
isole o líder. Coloque-o perto de você. Quando for rezar em dupla, reze com
ele; quando for dar as mãos, dê as mãos a ele. E fique de olho o tempo todo.
"O mal-humorado": É outro tipo difícil. É fechado, calado e
azedo. Normalmente é antipatizado pela turma, costuma ter poucos amigos.Dá
meias respostas com extrema má vontade. Pode se tornar aborrecido
e agressivo. Não gosta de cantar, de rezar, de ouvir, nem de participar de
nada. Odeia fazer gestos e atividades. Às vezes, é do contra: fica sentado
quando deveria estar de pé, fica de pé quando deveria estar sentado. É difícil
abordar esse tipo. Diante da turma, costuma ser melhor tratá-lo com
indiferença, dar um "gelo". Em particular, é preciso tentar
conhecê-lo para conquistar pelo menos um pouco de sua confiança. Pode ser uma
pessoa que vive chateada e entediada, passando por problemas, e pode estar indo
à catequese por mera obrigação. Se suas atitudes azedas estiverem causando um
clima ruim na turma, chame a atenção em particular. Com muita simpatia tente
convencê-lo de que assim não dá. Se for problemático, tente ajudar. Se você
conquistar sua simpatia terá ganhado a batalha.
PROCEDIMENTOS MAIS
COMUNS DIANTE DA INDISCIPLINA
1. Melhorar o domínio do encontro. Prepare bem o
encontro, mostre segurança, Não perca o bom humor, nem entre em pânico. 2. Manter postura enérgica: Não
permita algazarra. Use voz firme e chame atenção sempre que for necessário. Não
chame atenção em nome de Jesus, mas sim no seu. 3. Agir com indiferença. Colocar no gelo, mas isso só em alguns
casos. Quando uma criança está atrapalhando a turma, não é o caso de agir com
indiferença. 4. Conversa em particular
cobrando responsabilidade da criança. 5.
Separar as crianças, se for o caso, mudar de turma. 6. Conversar com o padre. 7.
Conversar com os pais.
Fonte: Agenda Diocesana de Catequese-2010/ Diocese de
Divinópolis-MG, publicado em: http://tiapaulalimeira.blogspot.com.br/2012/01/disciplina-na-catequese.html
"O mais importante na catequese é que a nossa catequese leve a Jesus Cristo, que junto com o Pai e o Espírito Santo, fazem a obra da vida acontecer." Rossana
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