quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Catequética, Aula 7 - A ARTE DE CONDUZIR ORAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO

(aula ministrada por JOSÉ ROSILDO SANTOS, a partir de material elaborado por NAZIR RAMOS)

A oração é um dos elementos mais importantes no encontro catequético. O catequista deve sempre ter em mente que é preciso ensinar os catequizandos a rezar. Uma catequese que não desperte na turma uma atitude de oração acabará sendo uma mera troca de informações e não criará uma espiritualidade.
Rezar é conversar com Deus. Quando uma pessoa tem dificuldade de conversar com Ele, isso pode significar que Deus, para essa pessoa, ainda é um conceito distante, fora da realidade. Ao contrário, se a pessoa consegue se expressar livremente, abrindo-se no diálogo com Deus, isso pode significar que ela interiorizou a presença Dele em sua vida. Deus é, para essa pessoa, alguém próximo com quem se pode dialogar.
É costume dizer que a melhor maneira de avaliar a catequese é olhar a vida de oração dos catequizandos. Uma catequese superficial dificilmente resultaria numa vida de oração profunda.
Portanto, o catequista, além de cuidar da transmissão dos conteúdos da fé, precisará incentivar a vida de oração, ensinando a turma a rezar. Dizemos "ensinar", porque oração é algo que se aprende, com formas e métodos variados. O catequista ensinará a turma a rezar, conduzindo momentos de oração. Ele próprio precisará rezar com profundidade. Seu jeito de conversar com Deus será o principal estímulo para a turma. Além disso, o catequista poderá – e deverá – usar várias metodologias para conduzir orações.
Métodos e formas são os diversos jeitos de rezar. É importante variar os momentos de oração para enriquecê-los e evitar a rotina. Na catequese há inúmeras formas possíveis. Neste texto, veremos alguns desses métodos, assim como dicas de como trabalhar com eles para tornar o momento de oração mais rico e criativo.
ORAÇÕES DECORADAS
São aquelas orações tradicionais que a gente deve saber de cor. Todo católico deve saber rezar o Pai-Nosso, a Ave- Maria e muitas outras orações. Essas orações são importantes porque vêm de longa tradição na Igreja, são rezadas em comum nas celebrações, possuem um conteúdo rico e profundo. Entretanto, não devemos nos limitar a essas formas de oração. O grande perigo,  na catequese, é só rezar Pai-Nosso, Ave-Maria e Vinde Espírito Santo e não desenvolver outras formas mais expressivas de conversar com Deus. Outro grande perigo é essas orações se tornarem preces mecânicas, repetidas com a memória, não com o coração, como se fossem palavras soltas e sem sentido. Por causa disso, três atitudes são importantes quando o catequista lida com orações decoradas:
a) Alternar orações decoradas e espontâneas, variando a forma de rezar;
b) Ajudar a turma a compreender e ter sempre em mente o sentido dessas orações;
c) Lembrar que a linguagem dessas orações nem sempre é acessível à turma, o que faz supor a necessidade de estudar a oração para depois rezá-la.
ORAÇÕES REPETIDAS
   São orações espontâneas ou escritas que o catequista reza, frase por frase, para que a turma vá repetindo em conjunto. É uma forma válida, porque leva a pessoa a dizer e interiorizar coisas importantes dentro do tema do encontro, além de ser uma forma intermediária entre a oração decorada e a totalmente espontânea. A oração repetida deveria ser usada mais com grupos que ainda têm certa dificuldade de rezar de modo espontâneo. Podem ser adultos, jovens ou crianças. Esse tipo de oração tem certo caráter pedagógico: enquanto vai repetindo a prece formulada pelo catequista, a pessoa aprende a formular a sua própria prece. Até em missas ou celebrações com grande número de pessoas se costuma usar esse método. Vale lembrar, no entanto, algumas observações a respeito:
a) A oração deve ser feita na linguagem da turma.
b) Quem dirige a oração deverá rezar pausadamente, falando as preces com clareza;
c) Deve-se esperar que a turma repita a frase anterior para falar nova frase; do contrário, a turma não entenderia o começo da frase seguinte;
d) As frases devem ser curtas, senão a turma já as terá esquecido na hora de responder;
e) as frases devem ter sentido completo, tanto quanto possível. Se o dirigente parte de uma frase grande em vários pedaços, ao final ela poderá ter perdido o sentido;
f) Antes de começar a rezar, é preciso concentrar a turma para que a repetição não seja algo mecânico. Nesse sentido, o gesto ajuda muito.
MEDITAÇÃO DIRIGIDA
   Consiste em uma oração silenciosa, orientada pelo catequista. O catequista coloca todos em silêncio e vai dirigindo palavras que ajudarão a refletir e a meditar. O segredo dessa forma está no talento do catequista em manter o grupo em clima de meditação e em dizer palavras que possam interiorizar e transformar em sua própria oração. O silêncio ajuda na concentração. As palavras do catequista devem evitar a dispersão. De fato, uma oração totalmente silenciosa, se o grupo não for muito maduro, poderia logo gerar mais distração do que diálogo com Deus. Vale observar o seguinte:
a) É aconselhável, antes de meditar, combinar um gesto de recolhimento: fechar os olhos, abaixar a cabeça, sentar-se, colocar a mão no coração, etc.
b) Só é possível rezar assim se todos realmente fizerem silêncio. Se houver ruído é melhor nem tentar meditar. Nesse caso, a oração repetida funcionará muito melhor.
c) O catequista precisa conduzir a oração no mínimos detalhes, como se estivesse "hipnotizando" o pessoal. Deve dizer o que fazer, o que pensar, o que sentir. Isso ajudará a criar um clima favorável.
d) Para ajudar na concentração pode-se cantar suavemente uma música que ajude a rezar. Ou usar um fundo musical bem suave.
e) Na meditação dirigida, podemos distinguir dois momentos: primeiro o catequista vai concentrar a turma, colocando-a em clima de oração. É o que falamos no item anterior. Depois que todos estiverem concentrados, o catequista vai induzi-los à oração, por meio de palavras que possam repetir interiormente. Nesse momento, a tendência será sempre repetir as palavras do catequista. Por isso, será sempre bom usar a primeira pessoa e não a terceira. Exemplo: "Diga a Jesus: - Jesus, eu preciso de seu amor, eu quero ser amado pelo Senhor." ( Primeira pessoa); "Diga a Jesus que você precisa de seu amor, que você quer ser amado por Ele." (Terceira pessoa)
f) Esse oração precisa de uma conclusão. Para concluir, pode-se cantar uma música, ou fazer uma oração a uma só voz, ou uma oração repetida etc.
g) Lembramos ainda que nenhuma forma de oração deve ser prolongada demais. Isso cansaria a turma, gerando inquietação. A arte de conduzir orações supõe que o catequista perceba o momento certo de encerrar a oração, antes que o grupo dê sinais de inquietação.
ORAÇÃO ESCRITA
   Consiste em pedir que se escreva a oração que se deseja fazer. É uma forma mais trabalhada. A vantagem é que permite organizar melhor os pensamentos. É aconselhada quando se faz necessária uma oração que, além da espontânea e pessoal, seja também pensada e refletida. Exemplo:
a) Escrever uma avaliação de vida, dizendo para Deus quais são as maiores dificuldades que se tem enfrentado ultimamente.
b) Escrever uma carta para Deus, contando-lhe como vai a família.
c) Escrever um compromisso, colocando por escrito o propósito de seguir Jesus com fidelidade.
A oração escrita pode se tornar um momento profundo de desabafo com Deus, uma ocasião de se “soltar” com total sinceridade. O papel aceita tudo, calado. Depois de escrever a oração, é preciso ver o que fazer com o papel. Se forem escritas coisas pessoais e íntimas, é melhor queimar os papéis numa vasilha apropriada, enquanto se canta alguma canção. Se o conteúdo escrito pode ser lido, sem revelar coisas pessoais, cada um pode ler para os demais sua oração, ou pode-se partilhar a oração em duplas, ou ainda, expor os textos num cartaz etc. Antes, porém, de escrever, é preciso combinar o que se fará com os textos para não acontecer que alguém coloque num papel coisas que não deseja ver publicadas diante de todos. O catequista deverá ter essa sensibilidade.
ORAÇÃO A PARTIR DE SÍMBOLOS
    Também podem-se usar símbolos para motivar a oração: faixas, cartazes, objetos etc. Isso permite variar bastante, contanto que os símbolos sejam adaptados à realidade do grupo e este tenha maturidade para compreender a mensagem dos símbolos. Exemplos:
a) Escrever em   sulfite, ou outro material que achar pertinente,  várias fraquezas humanas e colocá-las sobre o altar ou  a mesa. Pedir que cada pessoa vá à frente, erga um cartaz e faça uma prece pedindo a Deus força para superar aquela fraqueza. Em seguida, rasgue-a e a coloque numa vasilha. Cantar algum refrão ou um mantra.  No final, queimar os papéis rasgados.
b) Colocar vários símbolos (pão, vinho, cruz, água, veste branca, óleo, vela, flores, espinhos, pedra) sobre o altar ou no chão. Estando todos em volta, convidar a louvar pelo que os símbolos representam.
c) Convidar cada um a escrever uma prece num coração e depois ofertar esse coração a Deus, colocando-o sobre o altar; enquanto se canta uma música apropriada.
    A oração, a partir de símbolos, acaba se tornando um verdadeiro ritual, uma autêntica celebração. Por isso, é importante. Depende, é claro, de um tempo maior e da arte do catequista de conduzir todos  à  compreensão dos símbolos. O segredo é usar símbolos  que expressem uma mensagem clara e sejam de fácil compreensão de todos.
SUGESTÃO DE ORAÇÃO PARA FAZER COM ADULTOS
OBJETIVO: Descobrir o valor da oração e a necessidade de orar
MATERIAL: Folhas de papel e lápis para cada participante; Bíblias.
Divida a turma em grupos. Distribua as leituras e perguntas por grupos diferentes. Dê um tempo para cada grupo ler, conversar sobre cada parte e responder de preferência escrevendo um texto. Depois junte todos, ouça as respostas e faça comentários.
Como e por que devemos orar? Mateus 6, 5 -13.
Como e por que devemos orar? Marcos 11, 22 – 25.
Como é a pessoa que costuma orar? Romanos 12, 10 – 21.
Para que serve a oração e a Palavra de Deus? Efésios 6, 10 – 20.
Respostas para ajudar na reflexão:
1 - Ao orar a pessoa assume a existência de um Deus amoroso que está atento para sua realidade e é Onipresente. A constância desta ação, inculca na mente Sua presença, levando a pessoa a sentir-se acompanhada. Na oração descobrimos nossa dependência do Criador, e a necessidade de Sua orientação, proteção, conforto. A prática da oração impulsiona a pessoa à disciplina da dependência; o que redundará em conhecimento, obediência, e bênçãos. A oração também possui uma função terapêutica, pois, leva a pessoa a abrir-se; a colocar para fora aquilo que incomoda, que amedronta; e que, se guardado, poderia facilmente redundar em distúrbios emocionais, ou mesmo depressão. Ao se colocar diante do Deus Amor; criador e sustentador do universo, inclusive de sua própria vida, a pessoa liberta-se da ansiedade de seu próprio controle.
Leia e medite com todos Filipenses 4, 4 – 9. 
A oração é importantíssima porque a partir dela o Espírito do Senhor trabalha em nosso ser, guiando e confortando-nos para uma vida melhor. 
Para refletir e rezar:
Mt 6, 7-8; Mc 1-35; Jo 16-20
Lc 5, 16; 6, 12-13; 10,21; 22,40-42; 23,34
Partilhemos nossas descobertas e terminemos com a oração que está em Mt 6, 9-13.


*O primeiro tema da semana de formação do Catequese Kids, é sobre a arte de se conduzir orações. Ele foi retirado do livro "Elementos de Didática na Catequese" da autora Solange Maria do Carmo, editora Paulus e publicado em http://catequesekids.blogspot.com.br/search/label/Ora%C3%A7%C3%B5es

Anexo: A PIPOCA (Rubem Alves)

Adaptei esse texto de Rubem Alves, que pode ser usado em uma dinâmica ou celebração usando como símbolo pipoca.
Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca.
Percebi, então,a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela.
Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida  e alegria  devem existir juntas.
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer.
O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças.
 É muito divertido ver o estouro das pipocas! E a transformação do milho duro em pipoca macia é um  símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. 
Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
 Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. 
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca poderá representar a morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro.

O SIGNIFICADO DO ADVENTO E DO NATAL

Aula ministrada pelo Professor Gabriel Frade em 12/11/2014, na Semana Litúrgica
(estamos aguardando o material)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

CATEQUÉTICA, Aula 6. DISCIPLINA NA CATEQUESE

(Aula ministrada pela Professora NAZIR RAMOS em 05/11/2014)

A questão da disciplina é um desafio no mundo atual. Já se foi aquele tempo em que as crianças eram dóceis e obedientes, cheias de motivação para o aprendizado das coisas de Deus. A falta de motivação talvez seja a principal causa da indisciplina. Isso não se verifica só na catequese. As escolas enfrentam o mesmo problema e as famílias também não escapam da questão. Até na convivência social se nota mais indisciplina e menos respeito. Além da falta de motivação, o que se constata largamente é a falta de educação. Isto mesmo. A maioria dos psicólogos concordam em afirmar que as famílias de hoje estão, muitas vezes, com problemas na educação de suas crianças, que não sabem respeitar, nem obedecer, nem se comportar publicamente. Uma das preocupações da catequese precisa ser esta: formar para a convivência sadia. Então, é preciso enfrentar a questão da indisciplina. É um tema extremamente difícil. 

Focos de problemas disciplinares na catequese
A indisciplina é um fenômeno generalizado, em todas as turmas e idades. Não é fácil resumir suas causas. Mas podemos apontar alguns focos, ou seja, situações ou realidades que ajudam a provocar a indisciplina.
A falta de motivação da turma: Talvez seja o maior problema. A criança vai para a catequese sem estar motivada para isso. As famílias não respiram mais aquele ar sagrado que motivaria a busca do conhecimento das coisas de Deus. As crianças não compreendem como e por que a catequese pode ser importante. Para que rezar? Para que cantar? Para que ler a Bíblia? Não fica claro. Então a criança se dispersa e começa a fazer bagunça. Para enfrentar isso, o catequista precisa, antes de mais nada, ser capaz de motivar a turma. Não existem regras mágicas para isso. Na convivência com a turma, o catequista tentará ir descobrindo como fazer esta motivação. No entanto, vale lembrar alguns cuidados sem os quais não se faz motivação: simpatia do catequista, exposição inteligente e clara dos assuntos, segurança quanto à vocação de catequista, interesse por cada criança. Além disso, o catequista pode usar a criatividade, fazendo promoções, festinhas, passeios, etc.
O encontro mal dado: É outra questão que dificulta o entusiasmo da turma e provoca indisciplina. O catequista não precisa ser um pedagogo nato, mas precisa aperfeiçoar sua metodologia catequética. Estudar bem os assuntos, tirar suas dúvidas, treinar as músicas, ensaiar as leituras, compreender bem as atividades. Além disso, saber mostrar o por que e para que de cada coisa que se faz, saber chamar a atenção para a importância dos assuntos, saber fazer a ligação dos temas com a vida das crianças, fazer tudo com capricho e bom gosto. Quando o encontro é bem dado, a turma já se sente mais motivada. Às vezes, o catequista domina o conteúdo, mas não sabe transmiti-lo. A comunicação é a chave principal do encontro de catequese. 
O jeito do catequista: É outra questão essencial. Cada catequista tem seu jeito. Isso é óbvio. Mas há questões que podem ser melhoradas. O catequista precisa mostrar segurança e simpatia; mas não pode ser meloso, nem violento.  Deve ter voz forte; sem gritar o tempo todo. Se surgir algum problema, deve saber tomar decisões; sem perder o bom humor e sem se sentir culpado. Deve também estar atento para perceber tudo o que acontece na turma. Se surgir algum problema, interromper o encontro até que tudo seja resolvido. O catequista que continua falando no meio da algazarra acaba passando por palhaço diante da turma. Isso faz com que a turma perca o respeito. Outra coisa importante: tratar a todos de forma igualitária e ser sobretudo atencioso e amigo, sem deixar de ser firme.
O ambiente dispersivo: O ambiente circular e aconchegante ajuda na concentração e na comunicação. Ambientes muito grandes para turmas pequenas ou vice-versa, não são favoráveis. Ambientes muito próximos de barulhos também atrapalham a concentração. Tudo o que puder fazer para melhorar o ambiente ajudará na disciplina.
Idades misturadas: Outra coisa que não deve acontecer. Se houver na mesma turma crianças com idades muito diferentes, dificilmente o catequista conseguirá manter a disciplina. Por isso, as turmas já devem ser divididas de acordo com as idades das crianças.
Tipos mais comuns de indisciplina
É certo que, na hora de analisar a questão disciplinar, cada caso é um caso. Pessoas e circunstâncias são diferentes. Mas podemos enfocar alguns tipos mais comuns, só para ajudar a compreendê-los e a lidar com eles. Geralmente, a criança indisciplinada apresenta várias destas características ao mesmo tempo.
O problemático: É a criança que apresenta indisciplina por estar passando por problemas. Normalmente, os problemas vêm da família. é preciso ter em vista, no entanto que nem todas as crianças indisciplinadas são simplesmente problemáticas. Mas a criança pode estar atravessando uma fase difícil na vida:  problemas familiares, problemas na escola, divergências com os amigos, problema de saúde, tudo isso pode diminuir o interesse e a concentração do catequizando.  O problemático é meio imprevisível: às vezes torna-se agressivo e violento; outras vezes, faz greve de silêncio; outra, resolve ser do contra. Quando todos se sentam, ele fica de pé; quando todos se levantam, ele se senta. Portanto, para saber se a criança é indisciplinada por causa de problemas, o catequista precisa conhecê-la bem. Aí está o primeiro desafio. Importante também é saber que, mesmo estando com problemas, a criança precisa saber se comportar. Então, o catequista não permitirá um comportamento que prejudique o encontro. O mais aconselhável é que o catequista tenha uma conversa simpática e amigável em particular com esta criança, num momento favorável. 
O mal -educado: É fácil perceber quando a criança é sem educação mesmo. Como já diz o ditado "vem do berço". O mal-educado não sabe respeitar nada, nem ninguém. Interrompe quando não deve, age com grosseria. Nesse caso, é preciso mostrar energia. Repreenda-o com firmeza, mas com educação. Ao conversar em particular, seja firme e não dê tréguas. E, mesmo diante da turma, não tenha medo de chamar sua atenção. Quando o problema for falta de educação, não ignore. É preciso "pegar no pé" desse catequizando, sem se tornar excessivamente implicante.
O violento: É um tipo agressivo que mexe com todos e só pensa em brigar e mostrar força. Não só provoca dentro do encontro, mas depois também. O violento é uma pessoa que não sabe lidar com seu temperamento explosivo. Às vezes, é também problemático e sem educação. O problema maior é que uma criança violenta acaba provocando mais violência, despertando agressividade nos outros e oprimindo aos que são mais recatados. O catequista precisa intervir logo. Não deixe haver brigas dentro do encontro em hipótese alguma. Chame a atenção energicamente e com voz forte.
O catequizando violento e agressivo precisa saber que, durante o encontro catequético o catequista é o responsável pelo desenvolvimento do mesmo e tem autoridade. Então, exerça sua autoridade no melhor estilo.
O engraçadinho: É o palhacinho da turma. Faz todos rirem na hora mais inadequada. Basta um olhar dele ou uma careta para a turma achar graça, vira o centro das atenções e ganha destaque. Usa suas artimanhas para conquistar seu espaço e colher a atenção da turma. Se parar de fazer gracinhas, perderá sua extrema simpatia. O que fazer? Se forem brincadeiras inocentes, encontre uma forma de conviver com ele. Tente estabelecer momentos de fazer graça e momentos de ficar sério. Não o repreenda duramente em público, pois a turma o incentivaria a continuar só para provocar você. Não é bom que o catequista seja rabugento nesse caso. Ao contrário, a solução é ser bem-humorado. Às vezes, você pode até rir também. Com isso, você conquista a simpatia do "engraçadinho". E lembre-se: ele só vai respeitá-lo se aprender a admirá-lo. Ele pode se tornar seu aliado ou seu inimigo. Vai depender de seu jogo de cintura. Se as brincadeiras estão ultrapassando certos limites, tenha uma conversa em particular. Nessa conversa, brinque e seja amável. Mostre que é bom que ele seja simpático, mas que é preciso ter cuidado para não passar dos limites. Mostre claramente quais são estes limites e tente chegar a um acordo com ele. Se depois, ele esquecer de cumprir o acordo, chame sua atenção com o olhar, ou de forma bem-humorada. De preferência, ao chamar sua atenção, seja mais engraçado do que ele. Outra coisa: Veja como a turma reage ao "engraçadinho". Se suas brincadeiras já começaram a incomodar, então é hora de dosar seu estilo. Mas nunca perca a simpatia da turma por causa do "engraçadinho".
"O avacalhador": É um "engraçadinho" desajeitado. Quer ser simpático e acaba avacalhando tudo. Vai brincar e acaba causando grande confusão. Tolere simpatia, mas não aceite "avacalhação". Se for preciso, chame a atenção com certa energia, mas nunca com a mesma energia com que você se dirigiria ao violento. Se ele é simpático diante da turma, tome cuidado. Às vezes, para controlar suas trapalhadas, você acaba perdendo a simpatia da turma. Isso não vale a pena. Seja firme, mas simpático. Conquiste sua amizade, faça-o admirar você. Tente descobrir, mas sem perguntar a ele diretamente, o porquê de suas "avacalhações". Conhecendo suas razões, será possível compreendê-lo melhor.
"O mal-intencionado": É um tipo que se aproveita das situações para aprontar. Gosta de esconder suas "macaquices", põe a culpa nos outros. Fique atento: não deixe que ele enrole você. Veja tudo. Se for possível, coloque-o em um lugar onde possa ser visto. Ele difere do avacalhador por gostar de se esconder. Às vezes, tem atitudes bastante inconvenientes. Ao dar as mãos, belisca o colega. Quando vai dar abraço da paz, joga o outro no chão. Retira a cadeira para o outro cair no chão, enfia o dedo no olho do companheiro, passa as mãos nas pernas das meninas. É, enfim, um brincalhão que incomoda toda a turma com suas brincadeiras de mau gosto. E a turma, a o invés de prestar atenção no catequista, ficará de olho no mal-intencionado, para evitar cair em seus golpes. É preciso ter tino para controlar esse tipo.Se ele for simpático à turma, é preciso competir com sua simpatia evitando mau-humor. Converse com ele em particular e ajude-o a ser engraçado sem incomodar. Mas não o impeça de ser engraçado e simpático, porque é isso que ele quer e não consegue. Não deixe que ele forme turminhas dentro da turma. Ele terá uma enorme tendência a isso, pois não podendo agradar a todos, tentará arrebanhar alguns adeptos. E os colegas aceitarão ser amigos dele para ficar livres de suas brincadeiras de mau gosto. Desmanche as turminhas, isole o líder. Coloque-o perto de você. Quando for rezar em dupla, reze com ele; quando for dar as mãos, dê as mãos a ele. E fique de olho o tempo todo.
"O mal-humorado": É outro tipo difícil. É fechado, calado e azedo. Normalmente é antipatizado pela turma, costuma ter poucos amigos.Dá meias respostas com extrema má vontade. Pode se tornar aborrecido e agressivo. Não gosta de cantar, de rezar, de ouvir, nem de participar de nada. Odeia fazer gestos e atividades. Às vezes, é do contra: fica sentado quando deveria estar de pé, fica de pé quando deveria estar sentado. É difícil abordar esse tipo. Diante da turma, costuma ser melhor tratá-lo com indiferença, dar um "gelo". Em particular, é preciso tentar conhecê-lo para conquistar pelo menos um pouco de sua confiança. Pode ser uma pessoa que vive chateada e entediada, passando por problemas, e pode estar indo à catequese por mera obrigação. Se suas atitudes azedas estiverem causando um clima ruim na turma, chame a atenção em particular. Com muita simpatia tente convencê-lo de que assim não dá. Se for problemático, tente ajudar. Se você conquistar sua simpatia terá ganhado a batalha.
PROCEDIMENTOS MAIS COMUNS DIANTE DA INDISCIPLINA
1. Melhorar o domínio do encontro. Prepare bem o encontro, mostre segurança, Não perca o bom humor, nem entre em pânico. 2. Manter postura enérgica: Não permita algazarra. Use voz firme e chame atenção sempre que for necessário. Não chame atenção em nome de Jesus, mas sim no seu. 3. Agir com indiferença. Colocar no gelo, mas isso só em alguns casos. Quando uma criança está atrapalhando a turma, não é o caso de agir com indiferença. 4. Conversa em particular cobrando responsabilidade da criança. 5. Separar as crianças, se for o caso, mudar de turma. 6. Conversar com o padre. 7. Conversar com os pais.
Fonte: Agenda Diocesana de Catequese-2010/ Diocese de Divinópolis-MG, publicado em: http://tiapaulalimeira.blogspot.com.br/2012/01/disciplina-na-catequese.html

"O mais importante na catequese é que a nossa catequese leve a Jesus Cristo, que junto com o Pai e o Espírito Santo, fazem a obra da vida acontecer." Rossana

REUNIÃO DIOCESANA DE OUTUBRO (25/10/2014)

25/10/2014, Reunião mensal de representantes paroquiais de catequese, feita numa sala de aula no andar térreo. 
    O padre Thiago fez a ACOLHIDA de todos os presentes, perguntando o nome e a paróquia de cada um. Em seguida, conduziu a ORAÇÃO INICIAL, fazendo memória a São Frei Galvão  e a partilha do evangelho (Mateus 22,34-40). Deus nos chama à partilha, à ação junto ao irmão (próximo), o que leva ao amadurecimento na fé. Nossa FÉ é alicerçada na Igreja. A fé contém um aspecto subjetivo, pessoal = dom que Deus dá a cada um, e um aspecto objetivo = conteúdo. Precisamos considerar os dois aspectos para que haja “entendimento” e possamos “testemunhar” o que acreditamos em gestos concretos. 

  O TEMA da formação foi “Espiritualidade do catequista”, baseado no livro “Discípulos catequistas” (Pe. Vicente Frisullo, Paulinas). O termo “espiritualidade” nos remete à condição espiritual (alma, coração) e à vida no Espírito (cf. Rm 8,1-17). A Catequese pode ser entendida como vida espiritual que se partilha, que se doa, mesmo que incompleta (a caminho). A Catequese tem o momento da preparação, do “encontro” propriamente dito e da oração; é um processo que se alimenta continuamente porque se constrói na caminhada e que ocorre na oração. No Batismo, é aberto o caminho para o céu; recebemos uma marca que não se apaga, porque é inscrita em nosso coração; somos configurados a Cristo nas atitudes e no empenho diário. A espiritualidade cristã contempla a “humildade” = imagem (não é a mesma coisa, não tem a mesma natureza, é parecido) e semelhança de Deus (dependência amorosa Dele, “sem mim, nada podeis fazer”); e a “confiança” = lançar-se, abandono (como a criança que confia na avó e chora, sente-se abandonada, se ela não estiver mais quando a criança voltar); “A minh’alma tem sede de vós, como terra sedenta e sem água!”, cf. Salmo 42 (41). Dimensões da espiritualidade: “cristocêntrica” = trinitária (= comunidade de amor), “sacramental” = eucaristia e reconciliação (= cultivo espiritual), “oração”, “bíblica”, “eclesial”, “mariana” e “solidária”. 


   Encerrado o tema, fizemos a PARTILHA das experiências sobre a passagem da Bíblia peregrina nas paróquias: na N. Sra. Carmo (Itaquá), fizeram gincana; na Santos Apóstolos (Itaquá), cada comunidade trouxe uma Bíblia para ser enviada; na Santa Isabel (S. Isabel), a Bíblia fez peregrinação, acompanhando a imagem de S. Isabel nas comunidades, passando também pelas pastorais, uma procissão como Ato Penitencial (e com slides para reflexão); na Bom Jesus e na N. Sra. Aparecida (Arujá), trouxeram as fotos dos eventos da Bíblia peregrina; etc. 

Encerrada a partilha, encerramos a reunião com uma Oração e com o lanche.

SEMANA TEOLÓGICA

A teologia Latino-americana, encarnada na história do povo*
Prof. Ms. Maria Angélica Moreira

·        Teologias europeias: Teoria Dialética e Teoria da Práxis;
·        Concílio de Trento: dogmático;
·        Concílio Vaticano II: pastoral.

Eventos que preparam o Concílio Vaticano II:
·        Crescimento da importância dos leigos na vida da Igreja;
·        Novo florescimento pastoral (experiências novas, diante da realidade urbana);
·        Movimento catequético: perspectiva bíblica, litúrgica e missionária;
·        Movimento bíblico: exegeta católico.

Precedentes sócio-econômico-políticos na América Latina
·        Consolidação do processo industrial;
·        Aumento da diferença entre ricos e pobres (aumento dos pobres);
·        Teoria da dependência (sociólogos): América Latina num processo de subdesenvolvimento à há interesse em manter a dependência (Medelin, pobreza 1-2: pede aos pastores a libertação).

Precedentes eclesiais
·        Ação católica chega ao Brasil (1935): recristianizar através dos leigos;
·        Ação católica especializada (1945): ver-julgar-agir-celebrar (Pe. José Cardim) e movimentos sociais = JAC (Juventude Agraria Católica), JEC (Juventude Estudantil Católica), JIC (Juventude Independente Católica), JOC (Juventude Operária Católica) e JUC (Juventude Universitária Católica);
·        Movimento de Natal (Dom Eugenio Sales): escolas radiofônicas;
·        Bispos começam a se envolver com as questões sociais: estudam fora do país e voltam com vontade de pensar.
·        Concílio Vaticano II (1962-1965): Aggiornamento = atualização da Igreja e diálogo com o mundo moderno
·        Mendelin: adaptar o Vaticano II à realidade do povo marcada por relações de injustiça;
·        Pacto das catacumbas (Domitila, 39 bispos): pobres no centro do ministério pastoral.


(incompleto)

OBS:* Anotações minhas sobre a palestra do dia 22/10/2014, na Semana Teológica da Faculdade Paulo VI. Rossana