quinta-feira, 27 de março de 2014

BÍBLIA - Aula 1: INTRODUÇÃO AO LIVRO DO GÊNESIS

(anotações referente à aula do dia 19/03/2014, ministrada pelo diácono Ubirajara, de Poá)
Dizemos que a história sagrada começa com Abraão e os seus. Na realidade, Deus não esperou o tempo de Abraão para iniciar sua obra de salvação. Em vista disto, colocaram a criação nos primeiros capÍtulos do Gênesis (Gn)  antes da história de Abraão, apresentando uma reflexão religiosa sobre a caminhada da humanidade.
Lembramos que a Bíblia não apresenta uma história cronológica, mas sim a caminhada espiritual do povo de Deus e o próprio amor de Deus. Por isso a linguagem usada é muito simbólica, fundamentada no contexto e na experiência humana em seu relacionamento com Deus, e não deve ser compreendida literalmente (“ao pé da letra”).
Um escritor desconhecido foi cognominado de "Javista" (porque chama Deus de Javé) e compôs uma primeira história do povo de Deus, que começa com o relato do "Paraíso".  (Gn 2,46b-25) Fala de um Deus trabalhador, que cria, sopra (hálito de vida) e modela. Deus cria a humanidade para a felicidade (= paraíso). Na Bíblia, dormir é morrer. O homem morre para si mesmo para se unir à mulher e formar “uma só carne” (Gn 2,24); sai do seu isolamento e busca o bem do outro e a convivência para realizar a sua vocação.
Outro autor escreveu outra história no reino de Israel, no século seguinte. Este autor é chamado de "Eloísta", para distinguir do primeiro. Ele não fala o nome de Deus, chama-o simplesmente heloim (em hebraico = Deus). Segundo esta concepção, Deus cria pela Palavra (Gn 1,1-31). Sete é um número simbólico que significa perfeição. Só Deus cria pela Palavra. Segundo esta visão babilônica, já existia o caos. Deus demiurgo é aquele que organiza o caos.
Ainda no século IV, durante o Exílio na Babilônia, os sacerdotes escreveram vários parágrafos com a finalidade de fazer uma reflexão religiosa da história que viviam. (Gn 2,1-4a).
Iniciemos então uma leitura analítica dos três primeiros capítulos do Gênesis.
Dizemos que a história sagrada começa com Abraão e os seus. Na realidade, Deus não esperou o tempo de Abraão para iniciar sua obra de salvação. Em vista disto, colocaram a criação nos primeiros capitulos do Gênesis (Gn)  antes da história de Abraão, apresentando uma reflexão religiosa sobre a caminhada da humanidade.
Lembramos que a Bíblia não apresenta uma história cronológica, mas sim a caminhada espiritual do povo de Deus e o próprio amor de Deus. Por isso a linguagem usada é muito simbólica, fundamentada no contexto e na experiência humana em seu relacionamento com Deus, e não deve ser compreendida literalmente (“ao pé da letra”).
Um escritor desconhecido foi cognominado de "Javista" (porque chama Deus de Javé) e compôs uma primeira história do povo de Deus, que começa com o relato do "Paraíso".  (Gn 2,46b-25) Fala de um Deus trabalhador, que cria, sopra (hálito de vida) e modela. Deus cria a humanidade para a felicidade (= paraíso). Na Bíblia, dormir é morrer. O homem morre para si mesmo para se unir à mulher e formar “uma só carne” (Gn 2,24); sai do seu isolamento e busca o bem do outro e a convivência para realizar a sua vocação.
Outro autor escreveu outra história no reino de Israel, no século seguinte. Este autor é chamado de "Eloísta", para distinguir do primeiro. Ele não fala o nome de Deus, chama-o simplesmente heloim (em hebraico = Deus). Segundo esta concepção, Deus cria pela Palavra (Gn 1,1-31). Sete é um número simbólico que significa perfeição. Só Deus cria pela Palavra. Segundo esta visão babilônica, já existia o caos. Deus é quem organiza o caos.
Ainda no século IV, durante o Exílio na Babilônia, os sacerdotes escreveram vários parágrafos com a finalidade de fazer uma reflexão religiosa da história que viviam. (Gn 2,1-4a).
Iniciemos então uma leitura analítica dos três primeiros capítulos do Gênesis.

GÊNESIS
Gênesis significa nascimento, origem, princípio. Nos três primeiros capítulos podemos distinguir duas partes: origem do mundo e origem da humanidade. São duas composições que procuram mostrar o lugar e a importância do homem e da mulher dentro do projeto de Deus: eles são o ponto mais alto e o centro de toda a criação. Feitos imagem e semelhança de Deus, possuem o dom da criatividade, da palavra e da liberdade.
Tudo o que Deus cria é bom; o mal entra no mundo através da auto-suficiência do ser humano. A história dos homens aparece dominada pelo mal e, ao mesmo tempo, amparado pela graça de Deus (Gn 3,15).

COMENTÁRIOS AO CAPÍTULO 1 = RELATO ELOÍSTA
O relato da criação é uma descrição muito bem arquitetada pelo autor inspirado, para transmitir, para transmitir verdades fundamentais sobre a fé: a existência de um único Deus, a criação de todos os seres, a partir do nada; a sabedoria divina do Criador; sua onipotência; a quem se atribui o bem e o mal; o homem é o apogeu da criação: sua grandeza está em ser imagem e semelhança de Deus; o matrimônio é de instituição divina e se destina a propagação do gênero humano. O homem, por motivo religioso deve, após seis dias de trabalho, santificar pelo repouso o sétimo dia (sábado, celebrar a Aliança, prestar culto a Deus). Aqui está a razão do autor Eloísta distribuir a formação do mundo em seis dias.

Alguns destaques:
Gn 1,2 “as trevas cobriam o abismo e o espírito de Deus pairava sobre as águas”. Aqui a palavra espírito vem do termo hebraico ruah = vento, sopro. Não deve ser atribuído ao Espírito Santo, pois “vento e águas” são imagens que, por seu caráter negativo, preparam a noção da criação a partir do nada.
Gn 1,4 O plural “façamos” também não deve ser atribuído à Trindade, pois explica-se pela transposição a Deus da linguagem própria das cortes, onde o rei (com o plural) queria associar à sua pessoa ministros e cortesãos. Ou seja, este é um recurso literário do autor e não revelação trinitária.

COMENTÁRIOS Gn 2,4b-3,24
A seção Gn 2,4b-3,24 pertence à fonte javista. Não é, como se diz, uma “segunda narrativa da criação”. Foi escrita no tempo DO REI Salomão, no século X. Seguida de uma narrativa de queda, são duas narrativas combinadas que usam tradições diversas: uma da criação do homem distinta da criação do mundo (como apresentou no capítulo 1) e que só se completa com a criação da mulher e uma narrativa do paraíso perdido, da queda e do castigo.
Também traz uma mensagem religiosa: Deus criou a terra para que o homem dela usufrua e possua vida plena (árvore da vida). A única condição é o homem obedecer a Deus, ao seu projeto de vida e fraternidade e não querer decidir por si mesmo o que é o bem e o mal (comer do fruto proibido) a fim de não ser a casa de espécie alguma de opressão e morte.
O Capítulo 3 procura explicar a origem do mal. O centro da questão é a pretensão de ser como Deus, usurpando o lugar do Deus verdadeiro para se tornar auto-suficiente, isto é, um falso deus. A auto-suficiência é a mãe de todos os males, que são apenas consequência dela.

Alguns destaques:
Gn 3,1 A serpente serve como máscara para ser hostil a Deus, ser o diabo, o adversário e o inimigo do homem. A serpente também é símbolo de esperteza, astúcia, divindade pagã dos cananeus.
Gn 3,15 “Porei inimizade entre ti e a descendência da mulher, ela te esmagará a ca cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”. Este texto é chamado de “Proto evangelho” pois ao entrar o pecado no mundo, Deus já anuncia a boa-nova da salvação: a descendência da mulher, que é Jesus, filho de Maria (a nova Eva).
Gn 3,17 “maldito o solo por tua causa”. O pecado traz danos cósmicos, toda a criação sobre com o pecado do homem.

(Atualizado em 05/05/2014)

Anexo: COMO FOI ESCRITA A BÍBLIA?
A Bíblia foi escrita ao longo de mais de mil anos! No começo (mais ou menos 1200 anos antes de Cristo), as histórias do povo eram contadas de pais para filhos, em casa ou nos santuários onde iam, em romaria, rezar e re­partir os bens com os pobres.
Mais ou menos mil anos a.C. (antes de Cristo), o povo começou a escrever essas his­tórias em folhas de papiro (um tipo de papel) e pergaminho (couro seco de ovelha). O ob­jetivo era preservar bem na memória a reve­lação de Deus na vida do povo.
Por fim, no século I depois de Cristo, os primeiros cristãos escreveram sua ex­periência com Jesus de Nazaré. A Bíblia foi termin.ada por volta do ano 100 d.C. (depois de Cristo).

A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS
Cada livro bíblico nasceu da mão do povo na busca da paz. Esses livros estavam no plano de Deus. Eram instrumen­tos queridos por Ele para ajudar o povo em sua busca.
Todo projeto humano a favor da vida nas­ce do coração do próprio Deus. Cada palavra de vida é inspirada por Ele. Todo projeto de morte não é inspi­rado por Deus e não conta com sua colaboração.
Os livros da Bíblia são inspirados por Deus por­que trazem projetos de vida. São sagrados e devem ser estudados, meditados e levados à prática. 
Muitos outros livros nasceram da vivência do povo de Deus. Por que apenas 73 deles estão na Bíblia?
Imaginem se vocês passassem a vida viajando, como o povo cigano. O que iriam levar na mochila? Claro, ape­nas os objetos indispensáveis para viver bem.
O povo de Deus fazia a viagem da vida e percebeu que não dava para carregar na mochila do coração to­dos os livros já escritos. Por isso, num certo momento resolveu sentar e escolher os livros mais importantes, ou seja, aqueles inspirados por Deus.
A lista dos livros bíblicos chama-se cânon. Só en­traram no cânon os livros inspirados. O povo foi per­cebendo durante a caminhada que esses livros nasce­ram no coração de Deus.

CONVERSANDO E RESPONDENDO:
Quais são os projetos que animam, hoje, a cami­nhada das pessoas em geral? Qual é o projeto do povo cristão?
Hoje, que projetos humanos trazem a marca da inspiração divina?
EM QUE LÍNGUAS A BÍBLIA FOI ESCRITA?
Os primeiros textos foram escritos em hebraico, língua falada pelos hebreus. 
Por volta de 300 a.C., o grego estava sendo falado em todo canto. Na terra da Bíblia nem se falava mais o hebraico, mas o aramaico. 
Foi preciso traduzir o AT para o gre­go. Na tradução foram incluídos sete livros escritos originalmente em grego ou aramaico, chamados deuterocanônicos ­(que quer dizer segunda lista). São: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, 1° e 2º Macabeus e Baruc.
Muitos judeus da época não aceitaram a tradução. Hoje, eles só consideram sagrados os livros escritos originalmente em hebraico. Eles não aceitam os deuteroca­nônicos como livros sagrados. 
Os primeiros cristãos entendiam melhor o grego e aceitaram a tradução. Acolheram também os livros deuterocanônicos como Palavra de Deus.

UMA SÓ BÍBLIA, UMA SÓ FÉ
Será que a Bíblia dos evangéÍicos ou crentes é diferente da Bíblia dos católicos? 
Não! É a mesma Palavra de Deus, com o mesmo conteúdo. No entanto, há uma pequena diferença no cânon ou lista que os dois grupos adotaram. 
Enquanto o cânon evangélico tem 66 livros, o cânon católico tem 73. Os evangélicos não adotam os sete livros deuterocanônicos. Assim também fa­zem os judeus. 
Já em relação ao NT não há qualquer diferença: católicos e evangélicos aceitam os mesmos 27 livros. Os judeus não reconhecem Jesus como Se­nhor, por isso ficam apenas com os livros do AT.
O grande sonho de Deus é que todos os povos vivam unidos em torno do Reino. Superamos as diferenças quando somos fiéis à vida e ao Deus da Bíblia. 

GESTO CONCRETO
Pesquisar: Quais as famílias da região que ainda não têm sua própria Bíblia?
Fazer um mutirão entre catequistas e catequizandos. Cada turma pode visitar e oferecer a essas famílias uma Bíblia, conseguidas com o esforço de toda a turma.

(extraído do ECOANDO, editora Paulus)

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