quarta-feira, 16 de abril de 2014

LITURGIA - Aula 2: ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE CATEQUESE E LITURGIA

(Anotações da aula de 09/04/2014, ministrada pelo diácono Arthur)

2.1 HOMEM COMO SER RITUAL 
  • RITO: perceber a vida transfigurada e transcendente 
  • Representar o mito fundante na própria vida
  • Recapitular a história do povo
RITOS DE PASSAGEM 
  • Existência incompleta
  • Tornar-se pessoa
  • A transmissão pelo ritual
  • Ritos de passagem na sociedade secularizada
  • Esvaziamento do conteúdo transcendente
  • Rito experimentado como conclusão ou coroamento
  • Atrelados às opções pessoais

2.2 LITURGIA, FONTE DA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA 
  • Conteúdo primordial da catequese: Mistério pascal de Cristo
  • Depósito da fé, vivido e celebrado
  • Liturgia ação da Igreja 

2.2.1 CONTEÚDO PRIMORDIAL DA CATEQUESE: MISTÉRIO PASCAL DE CRISTO
  • MISTÉRIO, algo que está fechado e precisa ser aberto, como os olhos de quem dorme
  • MISTÉRIO PASCAL: At 2, 22-24
  • KERIGMA = Evangelização
  • CATEQUESE = aprofundar a relação com o Mistério anunciado;
  • LITURGIA = celebração do Mistério
  • Mudança de paradigma após o primeiro período da Igreja:
      Aprender celebrando (modelo oriental) / Aprender para celebrar (modelo ocidental)

2.2.2 DEPÓSITO DA FÉ VIVIDO E CELEBRADO
  • Guarda o Deposito da fé (1Tm 6,20)
  • Pio XI: “[a liturgia] é o órgão mais importante do magistério da Igreja”
OBRA COLETIVA: 
  • Fato comum dos tempos apostólicos
  • Formas e ritos das Igrejas particulares
  • Autoridade docente e magisterial
  • A celebração torna a doutrina vivificante
    (Ano Litúrgico, Diálogo com Deus, Comunhão eclesial = experiência do Reino de Deus)

2.2.3 LITURGIA, AÇÃO DA IGREJA 
  • CULTO DO CORPO MÍSTICO DE CRISTO: estreita ligação entre Chefe e povo
  • CULTO DO POVO DE DEUS HIERARQUICAMENTE ORGANIZADO: memória dos Mistérios de Deus revelados em Cristo e chamar os homens à comunhão
  • CULTO DA ESPOSA DE CRISTO:
    Múnus maternal em relação a toda a Humanidade
    Inaugura comunhão e diálogo amor com Deus
    Gera filhos e os faz crescer 
  • IGREJA TOMA CONSCIÊNCIA DO QUE É
    Corpo social: dispensadora do mistério da salvação da humanidade.
    A Liturgia constitui a Igreja (Batismo) e exprime a Igreja (Eucaristia)

2.3 LITURGIA, CUME DA AÇÃO PASTORAL DA IGREJA
  • Liturgia não esgota a ação pastoral da Igreja (SC 9)
  • Liturgia e missão
  • Santificação 

2.3.1 LITURGIA NÃO ESGOTA A AÇÃO PASTORAL DA IGREJA (SC 9)
  • Apostolado chamar os homens a Cristo para fruírem da Palavra e dos Mistérios de Cristo (SC 10)
  • Fé e conversão (SC 9);
  • Catequese, promover participação (SC14);

2.3.2 LITURGIA E MISSÃO 
  • Ações litúrgicas sempre válidas: Ex opere operato (sacramentos); Ex opere operantis Ecclesiae (demais ações litúrgicas)
  • Liturgia é ação gratuita (fugir da Magia e da emoção religiosa)
  • Pregação do Evangelho para que os homens renasçam pela Palavra de Deus e pelos sacramentos (AG 6)
  • Itinerário da Missão: Testemunho => Caridade => Anúncio de JC => Formação da Comunidade (sacramentos) => Formação de Igrejas Locais.
  • Experiência dos primeiros cristãos: “as conversões começavam com as questões postas pela pureza de vida e pela caridade dos cristãos, às quais respondia uma primeira evangelização e só após um longo período de catequese e de iniciação eram os catecúmenos introduzidos na celebração dos mistérios, na qual não participavam plenamente senão após o seu batismo.”

2.3.3 SANTIFICAÇÃO PELA LITURGIA
  • Processo iniciático
  • Catequese mistagógica
  • Participação ativa, plena e consciente 
  • Ação Apostólica
  • Comunhão fraterna e eclesial

BIBLIOGRAFIA
  • CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição apostólica Sacrossanctum Concilium & Decreto Ad Gentes. In: Documentos do Conc. Ecu.Vt. II.  São Paulo: Paulus, 2001.
  • BÍBLIA DE JERUSALÉM
  • MARTIMORT. A Igreja em Oração: Introdução à Liturgia. Barcelos: Minho, 1965.
  • GERHARDS; KRANEMANN. Introdução à Liturgia. São Paulo: Loyola, 2013.
ANEXO 1: Oração das vésperas

ANEXO 2: Texto para estudo

Segunda Catequese Mistagógica (De Baptismo) de São Cirilo de Jerusalém.

“Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua norte que fomos batizados? (...) Pois que não estais debaixo da Lei, mas sob a graça”. (Romanos 6,3.14)
(2) Logo que entrastes, despistes a túnica. E isto era imagem do despojamento do velho homem com suas obras. Despidos, estáveis nus, imitando também nisso a Cristo nu sobre a cruz. Por sua nudez despojou os principados e as potestades e no lenho triunfou corajosamente sobre eles. As forças inimigas habitavam em vossos membros. Agora já não vos é permitido trazer aquela velha túnica, digo, não esta túnica visível, mas o homem velho corrompido pelas concupiscências falazes. Oxalá a alma, uma vez despojada dele, jamais torne a vesti-la, mas possa dizer com a esposa de Cristo, no Cântico dos Cânticos: “Tirei minha túnica, como irei revesti-la?”(Cântico dos Cânticos 5,3). Ó maravilha, estáveis nus à vista de todos e não vos envergonhastes. Em verdade éreis imagem do primeiro homem Adão, que no paraíso andava nu e não se envergonhava.
(3) Depois de despidos, fostes ungidos com óleo exorcizado desde o alto da cabeça até os pés. Assim, vos tornastes participantes da oliveira cultivada, Jesus Cristo. Cortados da oliveira bravia, fostes enxertados na oliveira cultivada e vos tornastes participantes da abundância da verdadeira oliveira (cf. Romanos 11,17-24). O óleo exorcizado era símbolo, pois, da participação da riqueza de Cristo. Afugenta toda presença das forças adversas. Como a insuflação dos santos e a invocação do nome de Deus, qual chama impetuosa, queima e expele os demônios, assim este óleo exorcizado recebe, pela invocação de Deus e pela prece, uma tal força que, queimando, não só apaga os vestígios dos pecados, mas ainda põe em fuga as forças invisíveis do maligno.
(4) Depois disto fostes conduzidos pela mão à santa piscina do divino batismo, como Cristo da cruz ao sepulcro que está à vossa frente. E cada qual foi perguntado se cria no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E fizestes a profissão salutar, e fostes imersos três vezes na água e em seguida emergistes, significando também com isto, simbolicamente, o sepultamento de três dias de Cristo. E assim como nosso Salvador passou três dias e três noites no coração da terra, do mesmo modo vós, com a primeira imersão, imitastes o primeiro dia de Cristo na terra, e com a imersão, a noite. Como aquele que está na noite nada enxerga e ao contrário o que está no dia tudo enxerga na luz, assim vós na imersão, como na noite, nada enxergastes; mas na emersão, de novo vos encontrastes no dia. E no mesmo momento morrestes e nascestes. Esta água salutar tanto foi vosso sepulcro como vossa mãe. E o que Salomão disse em outras circunstâncias, sem dúvida, pode ser adaptado a vós: “Há tempo para nascer, e tempo para morrer” (Eclesiastes 3,2). Mas para vós foi o inverso: tempo para morrer, e tempo para nascer. Um só tempo produziu ambos os efeitos e o vosso nascimento ocorre com vossa morte.
(5) Oh! fato estranho e paradoxal! Não morremos em verdade, não fomos sepultados em verdade, não fomos crucificados e ressuscitados em verdade. A imitação é uma imagem; a salvação, uma verdade. Cristo foi crucificado, sepultado e verdadeiramente ressuscitou. Todas estas coisas nos foram agraciadas a fim de que, participando, por imitação, de seus sofrimentos, em verdade logremos a salvação. Oh! Amor sem medida! Cristo recebeu em suas mãos imaculadas os pregos e padeceu, e a mim, sem sofrimento e sem pena, concede graciosamente por esta participação a salvação. 
(6) Ninguém, pois, creia que o batismo só obtém a remissão dos pecados, como o batismo de João só conferia o perdão dos pecados. Também nos concede a graça da adoção de filhos. Mas nós sabemos, com precisão, que como é purificação dos pecados e prodigalizador do dom do Espírito Santo, é também figura da Paixão de Cristo. Por isso clama a propósito Paulo, dizendo: “Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados?” (Romanos 6,3). Talvez dissesse estas coisas por causa de alguns, dispostos a ver o batismo como prodigalizador da remissão dos pecados e da adoção, mas não como participação, por imitação, dos verdadeiros sofrimentos de Cristo.
(7) Para que aprendêssemos que tudo o que Cristo tomou sobre si foi por nós e pela nossa salvação, tudo sofrendo em verdade e não em aparência e para que nos tornássemos participantes dos seus sofrimentos, exclamava veementemente Paulo: “Se fomos plantados com [Ele] pela semelhança de sua morte, também o seremos pela semelhança de sua ressurreição” (Romanos 6,5). Boa é a expressão “plantados com Ele”. Logo que foi plantada a verdadeira vide, nós também pela participação do batismo da sua morte “fomos plantados”. Fixa a mente com toda a atenção nas palavras do Apóstolo. Não disse: Fomos plantados com Ele pela morte, mas, pela semelhança da morte. Deveras, houve em Cristo uma morte real, pois a alma se separou do corpo. Houve verdadeiramente sepultamento, pois seu corpo sagrado foi envolvido em lençol limpo e foi verdadeiro tudo o que nele ocorreu. Para nós há a semelhança da morte e dos sofrimentos. Quando se trata da salvação, porém, não é semelhança e sim realidade.
(8) Todas estas coisas foram ensinadas suficientemente: retende tudo em vossa memória, rogo-vos, para que eu, ainda que indigno, possa dizer-vos: “Amo-vos porque sempre vos lembrais de mim e conservais as tradições que vos transmiti” (cf. 2ª Tessalonicenses 2,15) Ademais, poderoso é Deus que de mortos vos fez vivos, para conceder-vos que andeis em novidade de vida. A Ele a glória e o poder, agora e pelos séculos. Amém.

Para ampliar a discussão: Observar quais elementos “mistagógicos” estão presentes na celebração dos sacramentos e sacramentais. Eles são suficientemente valorizados ritualmente na sua paróquia? São suficientemente compreendidos? Qual a contribuição a catequese poderia oferecer para melhor apreendermos o seu significado e melhor celebrar?


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